INQUÉRITO DE SAÚDE DA MULHER NA CIDADE DE UBERABA-MG, 2014. (ISA-MULHER, 2014), CAPACIDADE PARA O TRABALHO E OCORRÊNCIA DE SINTOMAS MUSCULOESQUELÉTICOS

Autores

  • Isabel Aparecida Porcatti de Walsh UFTM
  • Dernival Bertoncello UFTM
  • Maria Cristina C C Meirelles UFTM
  • Marilita Falangola Accioly UFTM
  • Vitoria Helena Maciel Coelho UFTM
  • Shamyr Sullivan de Castro UFTM

Resumo

INTRODUÇÃO: As alterações etárias da mulher brasileira no mercado de trabalho e a divisão sexual do trabalho tornam a capacidade para o trabalho (CT) um assunto de extrema importância. Diversos fatores, como aspectos sociodemográficos, estilo de vida, processo de envelhecimento e exigências do trabalho afetam a CT, tornando-a insatisfatória ao longo da vida. Ainda, é sabido que os sintomas musculoesqueléticos, hoje no Brasil são uma das maiores causas de afastamento, constituindo-se umas das principais causas de incapacidade para o trabalho. OBJETIVO: Avaliar a CT, identificar as regiões corporais com sintomas musculoesqueléticos e analisar as associações entre essas variáveis, em mulheres trabalhadoras acima de 18 anos na cidade de Uberaba/MG. METODOLOGIA: Estudo transversal de base populacional, de amostragem probabilística, realizado por meio de entrevistas domiciliares na cidade de Uberaba/MG, com mulheres que exerciam atividade remunerada. As características sociodemográficas foram avaliadas por instrumento específico, a CT por meio do Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), e dos sintomas musculoesqueléticos por meio do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Os dados foram analisados por meio de análise descritiva (frequências simples). Para a análise de relações entre as variáveis foram utilizados o Qui Quadrado e Correlação de Pearson, com nível de significância estatística de 5%. RESULTADO: Foram avaliadas 500 mulheres com idade variando entre 18 e 82 anos (43,22±13,87), com média de 10,41±5,51 anos de estudo, sendo que 212(42,40%) se consideravam chefes de família. Quanto às regiões com presença de sintomas musculoesqueléticos foram encontrados 171 (34,2%) para região lombar, 145 (29%) para punho/mãos, 140 (28%) para região dorsal, 132 (26,4%) para ombro, 118 (23,6%) para tornozelo/pé, 117 (23,4%) para joelho, 107 (21,4%) para quadril/coxa, 103 (20,6%) para pescoço, e 63 (12,6%) para o cotovelo. Entre as que apresentaram sintomas na região lombar, 39,77% foram impedidas de realizar suas atividades em função dos mesmos, 43,18% no ombro, 37,24% no punho/mãos e 34,29% na região dorsal. Entre as regiões com maior número de queixas de desconforto a intensidade do mesmo foi maior na região lombar (6,34±2,91), seguida pela dorsal (5,86±3,01), ombro (5,76±3,25) e punho/mãos (5,48±3,54). O ICT obteve pontuação média de 38,92±6,4, tendo-se encontrado 29 (5,8%) mulheres com capacidade baixa, 124 (24,8%) com capacidade moderada, 211 (42,2%) com capacidade boa e 136 (27,2%) com capacidade ótima. A idade influenciou significativa e negativamente a CT (p=0,001; r= -0,147), enquanto que a renda familiar (p=0,081; r=0,079) não. A presença de sintomas musculoesqueléticos influenciou significativamente na diminuição da CT em todas as regiões (p?0,000). O impedimento na realização das atividades em função de sintomas no ombro (p=0,011) e região dorsal (p=0,004) influenciou significativamente na diminuição da CT. CONCLUSÃO: Os resultados apresentaram grande número de trabalhadoras com presença de sintomas em todas as regiões avaliadas, influenciando significativamente nesta capacidade. Estudos que identifiquem os tipos de sinais e sintomas musculoesqueléticos apresentados em mulheres trabalhadoras, bem como o comprometimento destes na CT podem ser úteis para gerar conhecimento na caracterização do nexo causal e propor medidas preventivas envolvendo treinamentos, orientações e adequações ergonômicas nos postos de trabalho.