ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores

  • Luana Padilha da Rocha PCR
  • Washington José dos Santos PCR
  • Raphaela di Cavalcanti Sales PCR
  • Estela Maria Leite Meirelles Monteiro PCR

Resumo

INTRODUÇÃO: Apesar de o fisioterapeuta poder atuar nos três níveis de atenção à saúde, sua prática restringiu-se ao espaço terapêutico reservado ao tratamento das pessoas com acometimentos físico-funcionais, o que direcionou seu objeto de trabalho para a atenção curativa e reabilitadora. No entanto, o fisioterapeuta pode atuar em conjunto com os outros profissionais da Atenção Básica, desenvolvendo uma prática que contemple humanização e acolhimento dos usuários, atendimento compartilhado e educação em saúde, quebrando o paradigma de profissional apenas reabilitador. Este relato de experiência objetiva descrever a atuação do fisioterapeuta no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) da Cidade do Recife, denotando suas possibilidades de intervenção no nível primário de atenção à saúde. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O trabalho no NASF baseia-se no apoio matricial, através de duas dimensões de suporte: assistencial e técnico-pedagógico. Nesse sentido, o fisioterapeuta do NASF do Recife desempenha atividades que variam desde visitas domiciliares, consultas individuais e compartilhadas até discussões de casos e situações em reuniões com equipes de saúde da família (eSF), trabalhos em grupo, atividades educativas, sejam elas voltadas aos usuários, sejam aos profissionais, e incentivo ao controle social. IMPACTOS: A atuação do fisioterapeuta no NASF trouxe uma mudança no seu estigma reabilitador, denotando a ampliação do seu objeto de trabalho, incorporando ações de prevenção, promoção e educação em saúde, sem excluir a recuperação quando necessário. Tal atuação permitiu aos profissionais experenciarem a interdisciplinaridade e a integralidade, pautando-se no conhecimento do território, nas necessidades da população e em recursos que o próprio território e as pessoas oferecem, sem restringir-se a técnicas e procedimentos curativos aprendidos ao longo da formação. Além disso, outras categorias profissionais e os próprios usuários puderam reconhecer no fisioterapeuta possibilidades de intervenção até então novas, como a construção de projetos terapêuticos que envolvem usuário, família, rede de apoio e profissionais, num exercício de corresponsabilidade no cuidado em saúde; a execução de atividades educativas baseadas na educação popular, com protagonismo de todos os participantes no processo e discussões a partir das demandas provenientes da população; e o desenvolvimento de ações junto aos usuários, propondo o redesenho dos espaços de controle social, como as reuniões das eSF com comunidade, a ocupação nos conselhos e a participação nas conferências de saúde, de modo que eles se tornem acolhedores, significativos e resolutivos frente às suas reivindicações. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A atuação do fisioterapeuta no NASF é um processo em edificação e, apesar de suas possibilidades de intervenção nos campos da promoção da saúde e da prevenção das doenças, superar a lógica do atendimento ambulatorial, individual e domiciliar torna-se um desafio. Faz-se necessário rever a formação profissional departamentalizada, tecnológica e curativista que ainda predomina nas academias, bem como a ressignificação do papel social do fisioterapeuta, entendendo que esse pode atuar nos três níveis de atenção à saúde de maneira flexível, sem que suas atribuições se restrinjam à reabilitação, mas sim, incorporem com comprometimento as ações de promoção e proteção à saúde, prevenção de agravos e assistência, desenvolvendo uma prática integral e interdisciplinar de saúde.