TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA: EXPERIÊNCIAS SOBRE AS RODAS NO TERRITÓRIO

Autores

  • Karla Poersch NASF - SAPUCAIA DO SUL/RS
  • Juliana Leitão Marcondes NASF - SAPUCAIA DO SUL/RS

Resumo

INTRODUÇÃO: A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma forma de terapia em grupo, uma roda de conversa, um espaço de promoção, de encontros interpessoais e intercomunitários, conduzida por um terapeuta comunitário, com formação especifica. Prática recomendada pelo Ministério da Saúde desde 2008, realizada através da conversa e das trocas de experiências, onde as pessoas podem aliviar seus sofrimentos, buscar saídas e evitar adoecimentos. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Nas Estratégias de Saúde da Família (ESF) matriciadas pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), observa-se grande número de usuários em busca de remédios para insônia, tristeza e estresse, dificuldades de relacionamentos familiares e conjugais, mães preocupadas com filhos usuários de drogas, entre outros. Pensando no cuidado em Saúde Mental (SM) na Atenção Primária em Saúde (APS) a TCI é uma ferramenta capaz de atender esta demanda de forma a proporcionar aos participantes a experiência de serem criadores de suas curas e suas soluções, afastando, de certa forma o modelo terapeuta x paciente e a medicalização da tristeza/sofrimento. Atualmente as rodas de TCI ocorrem no território de três ESFs e são conduzidas por profissionais do NASF e das equipes de saúde. Em todos os espaços a implantação se deu com as equipes das ESFs e depois de aceita a proposta, as agentes comunitárias de saúde iniciaram a divulgação para a comunidade, através do convite pessoal, da distribuição de folderes e de cartazes fixados em pontos estratégicos da comunidade. IMPACTOS: As rodas realizadas nos três territórios contemplaram aproximadamente 80 participantes, sendo a maioria mulheres, de faixa etária de 20 a 59 anos e os temas prevalentes foram conflitos familiares (marido e mulher, separação, filhos, irmãos, avós, netos, traição, ciúmes...) causados por uso/abuso de drogas (tráfico, prisão, furto, dependência de remédios, agressões), o estresse (angústia, medo, ansiedade, insônia, nervosismo, raiva, mágoa, desânimo, desprezo, encosto, dores em geral). Apesar de alguns participantes demonstravam-se mais abertos a proposta, em geral a população apresenta certa dificuldade em compartilhar assuntos pessoais, o que pode estar associado a cultura do povo gaúcho, ao fato de a proposta buscar soluções e alívio para o sofrimento de forma compartilhada e corresponsabilizando o indivíduo por seus processos e escolhas, e ainda acontecer no horário de funcionamento da ESF, onde as pessoas que trabalham encontram dificuldade de participar. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O cuidado em SM, ainda está centrado na doença e na medicalização e a população também entende o cuidado em saúde como uma solução imediata, ou seja, a medicação. Neste cenário, a TCI é uma estratégia com um grande potencial para o cuidado, pois é possível observar que os usuários sentiram-se acolhidos, aprenderam a compartilhar os problemas e alegrias, adquiriram confiança em si e no outro, sendo as rodas um espaço de esperança, alívio de angústias, de auto-percepção, entre outros tantos verbalizados ao final de cada roda. Portanto esse espaço necessita ser nutrido pelos profissionais, gestores e usuários da rede de saúde, para desconstruirmos o modelo anterior e mudar o paradigma de cuidado em saúde.