FISIOTERAPIA COLETIVA NA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Autores

  • Larissa Baraçal Bordon UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP), CAMPUS BAIXADA SANTISTA
  • Fernanda Flávia Cockell UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP), CAMPUS BAIXADA SANTISTA

Resumo

INTRODUÇÃO: O atual perfil epidemiológico e demográfico evidencia a necessidade de reorientação da formação e da prática em saúde, especialmente, se tratando da prevenção primária e promoção da saúde. A escola, considerada espaço em potencial para o desenvolvimento de disfunções musculoesqueléticas e cinesioposturais, aparece como local privilegiado para ações educativas em saúde, que visam a adoção de hábitos saudáveis, a valorização e o cuidado com o corpo. Com base nisso e em concepções da Saúde Coletiva, propôs-se analisar e investigar as contribuições de princípios e ferramentas pedagógicas em saúde no âmbito escolar desenvolvidos em intervenções realizadas no projeto de extensão Fisioterapia Coletiva: “Ações no Morro Nova Cintra”, Santos – SP. OBJETIVOS: Avaliar as intervenções realizadas por extensionistas de fisioterapia e psicologia, no segundo semestre de 2011, com alunos do 1º ao 5º ano da UME Therezinha de Jesus S. Pimentel no Morro da Nova Cintra, Santos – SP. METODOLOGIA: Estudo exploratório descritivo de natureza qualitativa aprovado pelo Comitê de Ética nº 32564. A avaliação das intervenções foi feita a partir da classificação e categorização das atividades realizadas com os escolares, descrição dos recursos práticos e ferramentas de educação utilizada para auxiliar na reprodutibilidade e análise dos impactos das ações. Concomitante à revisão bibliográfica, tal avaliação foi feita com base em diários de campo entregues pelos extensionistas e relatórios desenvolvidos durante o ano de 2011. RESULTADOS: Doze atividades foram formuladas e aplicadas nas turmas 2ºC, 3ºC e D e 4ºC. Denominadas de acordo com seus propósitos, as ações foram: mímica corporal; tipos de marcha; percepção do desconforto; toque; relaxamento; desenhando o próprio corpo; conhecendo a coluna; desenho corporal coletivo; amarrados e vendados; bate-papo; sentimentos e interpretando os sentimentos. Trabalhou-se o corpo em movimento e em posturas estáticas de maneira global, desde a percepção corporal até seus sentimentos, firmando assim a indissociabilidade entre corpo e mente. Os recursos utilizados foram modelos de colunas, teatros e desenhos, incluindo também vivências e bate-papos. Conforme necessário, foram realizadas adaptações nas atividades, garantindo que seus objetivos primários fossem contemplados, tais como a ênfase na psicomotricidade, comunicação e expressão corporais, educação sensorial, ciências e relações sociais CONCLUSÃO: Todas as atividades desenvolvidas abordaram o sujeito de maneira integral, com uma visão diferenciada na qual a construção coletiva de saúde era priorizada, indo além do modelo biomédico reabilitador e verticalizado. Fugiu-se, portanto, do difundido objeto de prescrição normativa do que é certo ou errado quando se trata de postura corporal. Assim, como defendido pela Política Nacional de Saúde na Escola, as ações interdisciplinares consideraram a educação em saúde no âmbito escolar objeto central para o desenvolvimento da atenção primária, propondo um modelo que valorize o conhecimento do corpo e empoderamento dos sujeitos. Os achados indicam que a educação em saúde promove mudanças significativas nos hábitos escolares e no cuidado com o corpo, fortalecendo a importância destas iniciativas. Além disso, os resultados mostram a necessidade de mais estudos na área, bem como, a formação de profissionais capazes de atuar no campo da Fisioterapia Coletiva na escola, voltados à prevenção e promoção da saúde.