INTEVENÇÃO SENSORIOMOTORA PRECOCE NO DESEMPENHO MOTOR DE LACTENTE PRÉ-TERMO SEGUNDO A ESCALA MOTORA INFANTIL DE ALBERTA

Autores

  • Laura de Rezende Matias UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL - UFMS
  • Rafaela de Souza Brandão UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL - UFMS
  • Daniele de Almeida Soares UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL - UFMS

Resumo

INTRODUÇÃO: O nascimento prematuro é reconhecido como importante fator de risco para distúrbios do desenvolvimento motor, especialmente por acarretar a interrupção do desenvolvimento intra-uterino dos sistemas do corpo, em especial das estruturas cerebrais. A avaliação precoce das habilidades motoras do bebê permite a rápida identificação de possíveis alterações no seu desenvolvimento motor, possibilitando planejar adequadamente a intervenção e prevenir ou minimizar possíveis sequelas funcionais. No entanto, dada a heterogeneidade de casos clínicos, o número de protocolos disponíveis na literatura é limitado. OBJETIVOS: Descrever as repercussões de um protocolo de intervenção sensoriomotora precoce no desenvolvimento motor de um bebê pré-termo avaliado segundo a Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS). METODOLOGIA: Paciente do sexo masculino; parto por cesárea; nascido com 34 semanas gestacionais; 2,415 kg e 47 cm ao nascer; e Apgar 8 e 9 nos primeiro e quinto minutos, respectivamente. Histórico materno de ameaça de aborto, perda de líquido amniótico, crise renal, hipertensão arterial e hemorragia durante a gravidez. Bebê com história de convulsões, faz uso de fenobarbital, inserido em atendimento de intervenção sensoriomotora precoce aos 3 meses e 10 dias de idade corrigida com queixa principal materna de que o mesmo não possuía controle de cabeça. Seu desenvolvimento motor foi avaliado nas posturas prono, supino, sentado e em pé utilizando a AIMS em 3 medidas, com duração aproximada de 15 minutos cada: no primeiro dia de atendimento (pré-tratamento), aos 6 meses e 5 dias (pós-tratamento 1), e aos 7 meses e 10 dias (pós-tratamento 2) de idade corrigida. O protocolo, aplicado cerca de 2 vezes por semana por 50 minutos, durante 17 sessões, consistia sequencialmente de atenção fisioterapêutica respiratória, quando necessária, alongamentos musculares e mobilizações articulares com uso de rolo, estimulação sensorial visual e tátil, estimulação de ativação muscular direcionada, e treino de habilidades motoras direcionado às limitações motoras presentes. Como parte do protocolo, a mãe foi orientada a realizar atividades diariamente em casa. Foi realizada comparação descritiva das faixas percentis da AIMS nas 3 medidas de avaliação. RESULTADOS: No pré-tratamento, a faixa percentil da AIMS foi de 10-25; no pós-tratamento 1, a faixa progrediu para 25-50; e no pós-tratamento 2, a faixa percentil foi de 50-75. CONCLUSÃO: Houve ganho de habilidades motoras compatíveis com a idade corrigida do bebê após a intervenção, atingindo-se a faixa normativa da AIMS. Esse ganho aumentou por pelo menos 1 mês de duração (pós-tratamento 2). Sugere-se que o protocolo de intervenção sensoriomotora aplicado precocemente, associado a orientações maternas para atividades motoras domiciliares, foi eficaz para aprimorar o desenvolvimento motor do bebê pré-termo, que conseguiu adquirir desempenho compatível com sua idade corrigida. Esse trabalho reforça a importância da intervenção sensoriomotora precoce em bebês de risco bem como o uso associado de instrumentos padronizados de avaliação para planejar e acompanhar a intervenção.