HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO: VISÃO DOS PROFISSIONAIS DE UMA UTI INFANTIL

Autores

  • Luciane Soares Seixas Santa Casa de Misericórdia de Marília - SP

Resumo

INTRODUÇÃO: Percebe-se atualmente, as iniciativas de uma assistência humanizada como algo fundamental para articular a qualidade técnica da atenção dispensada e tecnologias de acolhimento e suporte aos pacientes. Isso ocorreu principalmente após a implementação da Portaria Nacional de Humanização (PNH). Humanizar, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), significa cuidar do paciente, independente de sua faixa etária, como um todo, englobando o contexto familiar, social, e valorizando as características do gênero humano. OBJETIVOS: O objetivo desse estudo foi analisar os significados e limites vivenciados pelos profissionais que atuam em uma UTI Infantil pensando na produção do cuidado tendo como base a humanização. METODOLOGIA: A pesquisa foi realizada na UTI Infantil da Santa Casa de Misericórdia de Marília. Trata-se de um estudo de natureza exploratória, de abordagem qualitativa. Para a construção dos dados, tomou-se os recursos técnicos de observação participante e entrevista semi-estruturada. Foram convidados para participar das entrevistas os profissionais das diferentes áreas que prestam assistência à UTI infantil, possibilitando um total de 9 entrevistas, um enfermeiro, quatro auxiliares de enfermagem, um médico, um fisioterapeuta, um fonoaudiólogo e um psicólogo. Os dados foram organizados e analisados através da análise de conteúdo. RESULTADOS: Ao analisar os sentidos atribuídos à humanização encontrou-se que a mesma foi vista por parte dos profissionais como um cuidado atribuído aos pacientes através de uma atenção integral. Humanização é o cuidado que temos que ter de forma integral, respeitar cada um, ajudar as mães, estar ali dando apoio numa situação tão complicada, para nós pode ser normal, mas para elas é um choque (E1). O ambiente da UTI infantil atribuídos aos profissionais nos possibilitam identificar que há pontos positivos, como o fato de trabalharem com números de leitos reduzidos, possibilitando um cuidado mais direcionado, específico para cada criança Identificou-se, porém, que há dificuldades no desenvolvimento do trabalho por parte dos profissionais. Quando pensamos na teoria é fácil, a prática é bem diferente, percebo pessoas que são muito mecânicas, é um ótimo profissional, mas fazem os cuidados que estão prescritos e pronto, não fazem nada a mais que isso. Não tem essa relação a mais de toque (E3). Dentre os obstáculos encontrados para uma atenção humanizada percebeu-se que há poucos materiais lúdicos para a interação com as crianças, horário de visita muito limitado impossibilitando um contato maior dos pais com seus filhos e os mesmos com os profissionais da equipe, ausência de treinamento e palestras sobre o tema, falta de envolvimento de outros profissionais como Terapia Ocupacional, excesso de barulhos e luminosidade excessiva e ausência de espaço para que os pais permaneçam próximos aos seus filhos, inclusive as mães que amamentam. CONCLUSÃO: Através dos resultados encontrados nesse estudo, foi possível identificar que a produção do cuidado tendo como base a humanização ainda é um desafio. Sendo numerosos os obstáculos e dificuldades encontradas pelos profissionais em seu processo de trabalho. Torna-se de suma importância um olhar atencioso por parte dos gestores em relação à qualidade da assistência prestada e condições de trabalho disponíveis para a produção do cuidado realmente humanizado.