INDUZINDO O USO DA MÃO NÃO-PREFERIDA EM BEBÊS ATRAVÉS DE EXPERIÊNCIAS LATERALIZADAS

Autores

  • Rosana machado de Souza Universidade do Tennessee - UT
  • Daniela Marie Corbett Universidade do Tennessee - UT
  • Luís Augusto Teixeira Universidade do Tennessee - UT

Resumo

INTRODUÇÃO: Indica-se que o oferecimento de brinquedos em posições laterais, tendo como referência a linha média corporal, induz o uso da mão ipsilateral em bebês. No entanto, não se sabe o quanto essa indução repetidamente pode modificar o comportamento lateral do bebê, mesmo quando, posteriormente, o brinquedo é oferecido na posição central. Essa investigação pode trazer evidências sobre o papel do ambiente no desenvolvimento do comportamento lateral do indivíduo. OBJETIVOS: O objetivo deste estudo foi investigar se experiências lateralizadas com a mão não-preferida levam ao aumento da frequência de uso dessa mão e qual seria o seu efeito sobre o desempenho motor em bebês aos 4 e 7 meses de idade. METODOLOGIA: Quarenta e nove bebês (20 aos 4,5 meses e 19 aos 7 meses) foram induzidos a realizar alcances com a mão não-preferida por meio do oferecimento de brinquedos em posição contralateral à mão preferida. Preferência manual e desempenho motor foram avaliados antes e depois por meio do oferecimento de brinquedos em posição central em 2 dias consecutivos. A análise cinemática foi feita através do sistema Flock of Birds. O efeito das experiências lateralizadas sobre a preferência manual e sobre o desempenho motor foi analisado por meio do teste Wilcoxon. RESULTADOS: Os bebês em ambos os grupos etários passaram a usar a mão não-preferida mais frequentemente após experiências lateralizadas ipsilateralmente, e esse comportamento se mostrou persistente. A análise cinemática dos alcances não indicou variações coerentes com a mudança da preferência manual. CONCLUSÃO: Conclui-se que a preferência manual é maleável em bebês, sendo facilmente modulada após poucas tentativas de prática lateralizada. No entanto, foi demonstrado que a modificação na preferência manual não foi motivada por ganho de desempenho com a mão não-preferida. Como implicações práticas, os resultados deste estudo apontam para a facilidade de indução do uso da mão não-preferida em bebês a partir do oferecimento de brinquedos ipsilateralmente, sem necessidade de restrição do uso da mão oposta ? estratégia utilizada em algumas sessões de reabilitação.