Análise da mudança da Política Nacional de Atenção Básica
DOI:
https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n2p191-217Palavras-chave:
Atenção Primária, Financiamento da Assistência a Saúde, Sistema de Saúde, Sistema Único de SaúdeResumo
O artigo estuda as mudanças feitas na Política Nacional de Atenção Básica em 2017 dando foco àquelas com maior efeito imediato na ação dos gestores municipais como as alterações relacionadas aos agentes comunitários de saúde, regras das equipes de saúde da família, criação de incentivo para equipe não saúde da família, proposição dos padrões essencial e avançado para a atenção básica e os efeitos da mudança no financiamento federal da atenção básica. Para isso, utiliza o referencial teórico do campo de análise de políticas e, como método, faz uma revisão de literatura e análise documental de textos legais e oficiais e publicações da posição e justificativas dos principais formuladores da política além de algumas instituições e organizações que se colocaram contra. A análise aponta que a política elegeu instrumentos de política que se apresentaram insuficientes e fragiliza aqueles que mostraram ter efeito, desestimula a estratégia de saúde da família e estimula equipes que a literatura e avaliações oficiais mostraram ter piores resultados. Conclui as mudanças na PNAB-2017 não conseguem ser explicadas com base no discurso técnico-científico na medida em que atua contra as evidências e estudos disponíveis. Seu sentido latente é encontrado no papel que cumpre na agenda e política mais macro do país, formulada e levada a cabo no sistema político e voltada para o ajuste fiscal neoliberal, e conforme a correlação de forças e interesses específicos dos atores do subsistema de saúde.Referências
-Sabatier,P.;Mazmanian,D.The implementation of public policy:A framework of analysis.Policy Studies Journal, v.8, n.4,1980.
-Muller,P;Surel,Y.A análise das políticas públicas.Pelotas:Educat,2002.
-Brasil.Portaria n.2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).Diário Oficial da União,2017.
-May,T.Pesquisa social:questões métodos e processos.3°Ed. Porto Alegre:ArtMed. 2004.
-Secchi,L.Políticas públicas:conceitos, esquemas de análise, casos práticos.2°Ed.São Paulo:Cengage Leraning,2016.
-Brasil.Portaria n°2488,de 21 de outubro de 2011.Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica.Brasília, 2011.
-Côrtes,SV.;Lima,LL.A contribuição da sociologia para a análise de políticas públicas.Lua Nova,v.8,p.33-62,2012.
-Campbell,JL.Ideas,Politics and Public Policy.Annual Review of Sociology,2002,28:21-38.
-John,P.Is there life after policy streams, advocacy coalitions, and punctuations:Using evolutionary theory to explain policy change?.Policy Studies Journal,v.31,n.4,p.481-498,2003.
-Barcelos,M.Ideias,agendas e políticas públicas:um estudo sobre a área de biocombustíveis no Brasil.Tese de Doutorado.Porto Alegre.2015.
-Brasil.Portaria n°648,de 28 de março de 2006.Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica.Brasília,2006.
-Consulta PNAB, 2017.Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/dab/portaldab/noticias.php?conteudo=_&cod=2426>. Acesso em: 06 ago. 2017.
-Pinto,HA.;Sousa,ANA.;Ferla,AA.O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica:várias faces de uma política inovadora.Saúde em Debate,v.38,p.358-372,2014.
-ABRASCO,CEBES e ENSP.Contra a reformulação da PNAB,2017.Disponível em: <https://www.abrasco.org.br/site/outras-noticias/notas-oficiais-abrasco/contra-reformulacao-da-pnab-nota-sobre-revisao-da-politica-nacional-de-atencao-basica/29798/>. Acesso em: 23 jun. 2018.
-Rede Unida.Rede Unida se manifesta sobre a revisão da PNAB,2017.Disponível em: <http://www.redeunida.org.br/en/comunicacao/news/rede-unida-manifesta-sobre-revisao-da-pnab/16-
-Pinto,HA.Análise da Política de Atenção Básica e de seu financiamento de 1996 até 2014.Saúde em Redes,2018.
-Sousa,MF;Hamann,EM.Programa Saúde da Família no Brasil:uma agenda incompleta?.Ciência & saúde coletiva,v.14,p.1325-1335,2009.
-Nota conjunta Conasems e CONASS sobre a reformulação da PNAB,2017.Disponível em<http://www.conasems.org.br/nota-conjunta-conasems-e-conass-sobre-reformulacao-da-pnab/>.Acesso em:06 ago. 2017.
-Schraiber,LB et al.Programaçäo em saúde hoje.In:Saúde em Debate.Série Didática.Hucitec,1993.
-Maciel Filho,R.Estratégias para a distribuição e fixação de médicos em sistemas nacionais de saúde: o caso brasileiro. 2007. Tese.Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,2007. Disponível em: <http://www.cpqam.fiocruz.br/observarh/publicacoes/arquivos/Tese_Romulo_Maciel.pdf>. Acesso em: 30 jun 2018.
- Girardi,SN.et al."Índice de escassez de médicos no Brasil:estudo exploratório no âmbito da Atenção Primária."Pierantoni,CR;Dal Poz,MR;França,T., organizadores.O trabalho em saúde: abordagens quantitativas e qualitativas.Rio de Janeiro:Cepesc/IMS/UERJ, ObservaRH (2011): 171-86.
-Carvalho,MS;Sousa,MF.Como o Brasil tem enfrentado o tema provimento de médicos?.Interface (Botucatu),Dez 2013,vol.17,no.47,p.913-926.
-Pinto,HA et al.O Programa Mais Médicos e o fortalecimento da Atenção Básica. Divulg. saúde debate.2014;51:105-120.
-Pinto,HA et al.Programa Mais Médicos: avaliando a implantação do Eixo Provimento de 2013 a 2015.Interface-Comunicação,Saúde,Educação,2017.
-Conselho Federal de Medicina. Demografia Médica no Brasil,v.2.São Paulo:Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo,2013.
- Ministério da Saúde.Índice de desenvolvimento do SUS (IDSUS). Cobertura estimada da população residente pelas equipes da atenção básica à saúde, 2011.Disponível em: <http://idsus.saude.gov.br/ficha1s.html>. Acesso em: 30 jun. 2018.
-Ministério da Saúde.Manual instrutivo para as equipes de atenção básica e NASF, 2013.Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_instrutivo_PMAQ_AB2013.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2018.
-Pinto,HA.;Sousa,A.;Florêncio,AR.O programa nacional de melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica: reflexões sobre o seu desenho e processo de implantação. RECIIS: Revista eletrônica de comunicação, informação e inovação em saúde, Rio de Janeiro,v.6,n.2,Sup.,ago.2012.
-Tsebelis,G.Veto players:How political institutions work.Princeton University Press, 2002.
-Giovanella,L.Atenção Primária à Saúde seletiva ou abrangente?.Cadernos de Saúde Pública,v.24,p.s21-s23,2008.
-Costa,G.;Dagnino,R.(orgs).Gestão estratégica de políticas públicas.Rio de Janeiro:EditoraT+8,2008.
-Gerschman,S. A Democracia Inconclusa:Um Estudo da Reforma Sanitária Brasileira.Rio de Janeiro, FIOCRUZ,1995.
-Merhy,EE.A Saúde Pública como Política:um estudo de formuladores de políticas.São Paulo Hucitec,1992.
-Singer,A et al. Por que gritamos golpe?:para entender o impeachment e a crise política no Brasil.Org. JINKINGS,I;DORIA,K;CLETO,M.São Paulo:Editora Boitempo,1º ed.,2016.Pag. 176.
-Fundação Ulysses Guimarães.Uma ponte para o futuro, 2015.Disponível em: <https://www.fundacaoulysses.org.br/wp-content/uploads/2016/11/UMA-PONTE-PARA-O-FUTURO.pdf> Acesso em: 30 jun.2018.
-Fundação Ulysses Guimarães.Travessia social, 2016.Disponível em: < https://complemento.veja.abril.com.br/pdf/travessia%20social%20-%20pmdb_livreto_pnte_para_o_futuro.pdf> Acesso em: 30 jun.2018.
-Empresa Brasileira de Comunicações. Ministro defende plano de saúde popular para aliviar gastos com o SUS, 2016.Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-07/ministro-defende-plano-de-saude-popular-para-aliviar-gastos-com-o-sus>.Acesso em: 23jun.2018.
-Agência Nacional De Saúde Suplementar.Dados Gerais- Beneficiários de planos privados de saúde, por cobertura assistencial(Brasil – 2008-2018),2018.Disponível em: < http://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-gerais>. Acesso em:23jun.2018.
-Brasil.Portaria n°3.992, de 28 de dezembro de 2017.Altera a Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS para dispor sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do Sistema Único de Saúde. Brasília, 2017.
-Ministério da Saúde.Relatório Anual de Gestão 2017.Brasília, 2018.p.106.
-Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.Nota Técnica n°15, de 06 de dezembro de 2013.Gasto com atenção básica das três esferas de governo:possibilidades e limitações das análises a partir de bases de dados orçamentário-financeiras. Brasília,06 Dez2013.
-Brasil.Portaria n°1.808, de 28 de junho de 2018.Altera a Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS para dispor sobre o financiamento das Equipes de Atenção Básica e da Gerência da Atenção Básica, instituídos pela Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2018.
-Conselho Nacional de Saúde.Relatório do Grupo de Trabalho de Atenção Básica sobre as mudanças na política nacional de atenção básica.Mimeo, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais para artigos publicados neste periódico são do autor, com os direitos de publicação para o periódico. Este periódico é de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no link a seguir https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR).