Desobediência Civil na produção singular de cuidado em rede: outros olhares para a mãe usuária de drogas

Autores

  • Magda Souza Chagas Universidade Federal Fluminense - UFF
  • Ana Lúcia Abrahão Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n1suplemp61-73

Palavras-chave:

, Narrativa, Atenção Primária em Saúde, Usuários de drogas, Gravidez de Alto Risco, Rede de cuidados continuados em saúde, Judicialização da saúde

Resumo

Este texto integra parte dos resultados de uma pesquisa qualitativa de caráter multicêntrico realizada entre os anos de 2014 e 2016 no Brasil sobre redes temáticas do Sistema Único de Saúde. Neste material, trabalhamos com um caso de “desobediência civil” e a construção de rede de cuidado para uma jovem mãe de 24 anos de idade, usuária de drogas e que por este motivo perderia a guarda da filha recém-nascida após o parto, não fosse a intervenção de alguns profissionais que conseguiram construir com e para mãe possibilidades no enfrentamento às drogas e sustentação da vida. A partir de narrativa construída junto com profissionais da atenção básica, foi possível acessarmos a complexidade da elaboração e manutenção do cuidado singular, principalmente em situações de vulnerabilidade, que pede amplas articulações, pactuações intersetoriais, acompanhamento e construção de estratégias para quem decide enfrentar e/ou interromper o uso de drogas na cotidianidade da vida diária. Por fim, destacamos a imensa relevância do olhar atento dos profissionais que apostam que toda a vida vale a pena e do quanto uma “aposta” no fortalecimento do vínculo afetivo mãe-filha no caso de usuárias de drogas grávidas pode impactar e produzir novos territórios existenciais, na reorganização das relações familiares e na autonomia da pessoa.

Biografia do Autor

Magda Souza Chagas, Universidade Federal Fluminense - UFF

Professora Adjunta do Instituto de Saúde Coletiva, Departamento de Saúde e Sociedade.

Ana Lúcia Abrahão, Universidade Federal Fluminense

Professora Titular da Universidade Federal Fluminense. Doutora em Ciências pela UNICAMP

Referências

ABRAHÃO, Ana Lúcia; Merhy, Emerson Elias; Gomes, Maria Paula Cerqueira; Tallemberg, Claudia; Chagas, Magda de Souza; Rocha, Monica; Santos, Nereida Lucia P.; Silva, Erminia; Vianna, Leila. O pesquisador IN-MUNDO e o processo de produção de outras formas de investigação em saúde. In: Gomes, Maria Paula Cerqueira e Emerson Elias Merhy. (Org.). Pesquisadores IN-MUNDO: Um estudo da produção do acesso e barreira em saúde mental. 1ed. Porto Alegre: REDE UNIDA, 2014, v. 1, p. 155-170.

A GAZETA (online). Os órfãos do crack. Acessado em 5/11/2017. Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/11/701280-os+orfaos+do+crack.html

BENJAMIN, Walter. Diário de Moscou. Prefácio de Gershom Scholem, edição e notas Gary Smith. Tradução Hildegard Herbold. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

BARTHES Roland. A aventura semiológica. São Paulo: Martins Fontes; 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Pesquisa Nacional sobre o uso de crack: quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras?/Organizadores: Francisco Inácio Bastos, Neilane Bertoni. Rio de Janeiro: Editora ICICT/FIOCRUZ, 2014. Acesso: 2/11/2017. https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/Pesquisa%20Nacional%20sobre%20o%20Uso%20de%20Crack.pdf.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Série E. Legislação em Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Brasília, 2011.

CHAGAS, Magda de Souza. Chamei a morte para a roda ela quis danças ciranda, mudança: estudo descritivo sobre o processo de cuidar diante da finitude. Tese (Doutorado em Ciências) - Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2016. Mimeo.

EMPRESA BRASILEIRA DE COMUNICAÇÃO (EBC). Bebês abandonados por adolescentes viciadas em crack preocupa autoridades do Rio. Acessado em 5/11/2017. Disponível em: http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2013/09/bebes-abandonados-por-adolescentes-viciadas-em-crack-preocupa-autoridades-do

ESTADO DE MINAS. 'Me obrigaram a entregar o meu filho', diz mãe ativista de BH. Acessado em 5/11/2017. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/10/15/interna_gerais,908649/me-obrigaram-a-entregar-o-meu-filho-diz-mae-ativista-de-bh.shtml

FOLHA DE SÃO PAULO. Grávidas do crack. Acessado em: 5/11/2017. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/19638-gravidas-do-crack.shtml

GUATTARI, Félix. As Três Ecologias. ed.7a, Editora Papirus, 2001.

KASSADA, Danielle Satie, Marcon, Sonia Silva e Waidman, Maria Angélica Pagliarini. Percepções e práticas de gestantes atendidas na atenção primária frente ao uso de drogas. Escola Anna Nery. 2014;18(3):428-434.

MARANGONI, Sônia Regina e Oliveira, Magda Lúcia Félix. Uso de crack por multípara em vulnerabilidade social: história de vida. Ciência, Cuidado e Saúde. 2012 Jan/Mar; 11(1):166-172.

MARANGONI, Sônia Regina. Contextos de exclusão social e vulnerabilidade de mulheres usuárias de drogas no ciclo gravídico puerperal. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá. Maringá: [s.n.], 2011.

MEDEIROS, Katruccy Tenório, Maciel, Silvana Carneiro, Sousa, Patrícia Fonseca de, Vieira, Giselli Lucy Souza. Vivências e Representações sobre o Crack: Um Estudo com Mulheres Usuárias. Psico-USF, Bragança Paulista, v. 20, n. 3, p. 517-528, set./dez. 2015.

MERHY, Emerson Elias. Saúde e Direitos: tensões de um SUS em disputa, molecularidades. Saúde e Sociedade. São Paulo, v.21, n.2, p.267-279, 2012.

MERHY, Emerson; Gomes, Maria Paula C; Silva, Erminia; Lima, Maria de F.; Cruz, Kathleen T.; Franco, Túlio B. Redes Vivas: multiplicidades girando as existências, sinais da rua. Implicação para a produção do cuidado e a produção do conhecimento em saúde. Divulgação em Saúde para o debate. Rio de Janeiro, n.52, p153-164, out 2014.

O DIA (online). Lar para filhos do crack. Acessado em 5/11/2017. Disponível em: http://odia.ig.com.br/noticia/rio/2013-05-13/lar-para-filhos-do-crack.html

OLIVEIRA, Daiane Santos. Vivências e enfrentamentos de mulheres que usam drogas no exercício da maternidade. Dissertação de mestrado Universidade Federal da Bahia, Escola de Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2015.

O TEMPO. Justiça afasta filhos de mães dependentes. Disponível em: http://www.otempo.com.br/cidades/justi%C3%A7a-afasta-filhos-de-m%C3%A3es-dependentes-1.1467710 Acesso: 5/11/2017.

RAMÔA, Marise de Leão; Alarcon, Sérgio; Lancetti, Antônio; Petuco, Denis; Pekelman, Renata . Território, território existencial e cartografia. In: Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Grupo Hospitalar Conceição. (Org.). Caminhos do Cuidado: caderno do aluno. 01ed.Brasília: Ministério da Saúde, 2013, p. 71-74.

REDE BRASIL ATUAL. Uso distorcido da lei separa mães pobres e usuárias de crack dos filhos. Acessado em 5/11/2017. Disponível em: http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/131/uso-distorcido-da-lei-e-responsavel-por-separar-maes-pobres-e-usuarias-de-crack-dos-filhos

REVISTA CRESCER. Mulheres e o crack. Acessado em 5/11/2017. Disponível em: http://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2015/02/mulheres-e-o-crack.html

SILVA, Ana Lúcia Abrahão. Produção de subjetividade e gestão em saúde: cartografias da gerência. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Departamento de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2004.

THOREAU, Henry David. Desobediência Civil. Acessado em 9/11/2017. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/desobedienciacivil.pdf

United Nations Office on Drugs and Crime, World Drug Report 2017. United Nations publication.

Downloads

Publicado

2018-07-29

Como Citar

Chagas, M. S., & Abrahão, A. L. (2018). Desobediência Civil na produção singular de cuidado em rede: outros olhares para a mãe usuária de drogas. aúde m edes, 4(1 Suplem), 61–73. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n1suplemp61-73