Percepção dos profissionais de saúde sobre o atendimento à População em Situação de Rua no município de Araguari (MG)
DOI:
https://doi.org/10.18310/2446-4813.2022v8n2p25-41Palavras-chave:
Ensino em Saúde, Saúde Coletiva, Direitos Humanos, Acolhimento, Cuidado, Profissionais de Saúde, Sistema Único de Saúde.Resumo
A População em Situação de Rua (PSR) é constituída por um grupo complexo que apresenta necessidades heterogêneas para a sobrevivência nos espaços públicos, aspecto que demanda a abordagem de diversos campos do conhecimento. No âmbito da saúde, conhecer a perspectiva dos profissionais que prestam auxílio a essas pessoas pode contribuir para a melhoria da assistência ofertada. O objetivo desse estudo é conhecer as percepções dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) do município de Araguari (MG) acerca do atendimento da PSR por meio de um instrumento quantitativo. Foi realizado um estudo descritivo com profissionais de saúde da atenção primária do município que realizaram assistência à PSR nos últimos três anos e os resultados foram apresentados por meio da estatística descritiva. Dos 103 profissionais, 55,30% são agentes de saúde que já atenderam pessoas em situação de rua (51,50%). Os profissionais, em sua maioria, se sentem capacitados (53,40%) e satisfeitos (46,60%) com a assistência realizada, apesar de não terem frequentado nenhuma capacitação para esse atendimento (68,70%). Eles sentem empatia (42,37%), e acreditam que as equipes que destinam esse auxílio devem ser multidisciplinares. Conclui-se que os profissionais de saúde da atenção primária de Araguari, por considerarem importante a multidisciplinaridade, realçam um olhar cuidadoso quanto às diversas necessidades demandadas pela condição de vida nas ruas. Apesar de se sentirem preparados e demonstrarem sentimentos positivos em relação à PSR, sinalizam a carência de capacitação profissional voltada para o atendimento a esse grupo específico no município.Referências
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