ADOLESCENTES GRÁVIDAS: CONTRIBUIÇÃO À ASSISTÊNCIA E AO ENSINO, SEGUNDO O RELATO DE SUAS TRAJETÓRIAS

Autores

  • Maurício Moraes Universidade Católica de Pelotas
  • Ricardo Burg Ceccim Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.18310/2446-4813.2016v2n4p433-444

Palavras-chave:

Gravidez na adolescência, Saúde da mulher, Saúde do adolescente, Educação médica.

Resumo

O artigo apresenta a análise qualitativa de uma pesquisa realizada com um grupo de puérperas pertencentes a uma coorte de acompanhamento da trajetória de adolescentes grávidas. Os dados foram obtidos por meio de entrevista semiestruturada, cujos roteiros relacionavam três categorias à análise: Ensino médico, Assistência à saúde e Universo adolescente. Um questionário composto de perguntas abertas foi aplicado em entrevista a 136 puérperas captadas de uma coorte de 540 gestantes adolescentes. Para o presente artigo, foram selecionadas as identidades temáticas mais incidentes e com forte significado nas categorias. Os resultados mostraram reconhecimento da qualidade da atenção no pré-natal, mas queixas no atendimento ao parto; atribuição de referências positivas por terem engravidado, mas dificuldades na criação dos filhos; e, mesmo que uma minoria das adolescentes tenha frequentado o número mínimo de 06 consultas de pré-natal, a maioria se empenha com a frequência ao atendimento de puericultura. Foi possível reconhecer que a gravidez na adolescência não está cercada de danos e prejuízos, mas que a assistência e ensino médicos ainda se reportam à gravidez na adolescência como um diagnóstico de problema de saúde, tornando atenção, cuidado e terapêutica temas secundários ao saber e prática médicas.

Biografia do Autor

Maurício Moraes, Universidade Católica de Pelotas

Professor adjunto (Universidade Católica de Pelotas – UCPel, Centro de Ciências da Vida e da Saúde), especialista em Medicina Preventiva e Social, mestre em Educação, doutor em Saúde e Comportamento/Saúde da Mulher, Criança e Adolescente.

Ricardo Burg Ceccim, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Especialista em Saúde Pública, Mestre em Educação em Saúde, Doutor em Psicologia Clínica, Pós-Doutor em Antropologia Médica. Professor Titular de Educação e Ensino da Saúde, UFRGS. Professor orientador no Programa de Pós-Graduação em Educação, UFRGS.

Referências

Ceccim RB, Stedile NLR. Saúde da mulher e o ensino das profissões da área da saúde: demandas e aprendizados à integração com a rede de cuidados. In: ______, organizadores. Ensino e atenção à saúde da mulher: aprendizados da integração da educação superior com a rede assistencial. Caxias do Sul:Editora da UCS;2007. p.101-114.

Ceccim RB, Machado-da-Silva SC, Zocche DAA. Práticas no ensino da saúde da mulher em um curso de graduação: uma proposta de formação com compromissos públicos. In: Ceccim RB, Stedile NLR organizadores. Ensino e atenção à saúde da mulher: aprendizados da integração da educação superior com a rede assistencial. Caxias do Sul:Editora da UCS; 2007. p.101-114.

Moraes M. Gravidez na adolescência e alteridade mulher: perspectivas entre os estudantes de medicina e os cenários de desafio na educação médica na graduação. [dissertação]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2008.

Ceccim RB, Moraes M, Dartora-Santos NM. Políticas do feminino e o ensinar e cuidar em saúde da mulher. In: Ceccim RB, Stedile NLR organizadores. Ensino e atenção à saúde da mulher: aprendizados da integração da educação superior com a rede assistencial. Caxias do Sul:Editora da UCS; 2007. p.45-58.

Pinheiro RT, Azevedo-Silva R, Coelho FMC, Quevedo LA, Souza LD, Castelli RD et al. Major depressive disorder during teenage pregnancy: socio-demographic, obstetric and psychosocial correlates. Rev Bras Psiquiatr 2013; 35(1)51-56.

Rios IC. Humanidades e medicina: razão e sensibilidade na formação médica. Ciênc saúde coletiva, 2010; 15(supl. 1)1725-1732.

Pinheiro VS. Repensando a maternidade na adolescência. Estud psicol 2000; 5(1)243-251.

Frenk J, Chen L, Bhutta ZA, Cohen J, Crisp N, Evans T et al. Health professionals for a new century: transforming education to strengthen health systems in an interdependent world. Lancet 2010; 376(9756)1923–1958.

Lampert JB. Tendências de mudança na formação médica no Brasil: tipologia das escolas. Rio de Janeiro:Hucitec;2002.

Meyer DEE. A politização contemporânea da maternidade: construindo um argumento. Gênero (Niterói) 2005; 6(1)81-104.

Medeiros LB. Rotas de fuga no ciberespaço: itinerários de mulheres em busca do parto desejado. Porto Alegre; 2014. Mestrado [Dissertação] – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

Dias ACG, Teixeira MAP. Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo. Paidéia (Ribeirão Preto) 2010; 20(45)123-131.

Meyer DEE, Félix J. Entre o ser e o querer ser...: jovens soropositivos(as), projetos de vida e educação. Educ. Rev (Belo Horizonte) 2014; 30(2)181-206.

Andrade SS, Meyer DEE. Juventudes, moratória social e gênero: flutuações identitárias e(m) histórias narradas. Educ. rev. (Curitiba) 2014; Edição Especial(1)85-99.

Pinheiro RT, Azevedo-Silva R, Peter PJ, Coelho FM, Quevedo LA, Mola, CL. et al. Association between perceived social support and anxiety in pregnant adolescents. Rev Bras Psiquiatr 2017; 39(1)21-27.

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº466 de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União. Brasília, 12 dez. 2012.

Caballero RMS. Pedagogia das vivências corporais: educação em saúde e culturas de corpo e movimento. [tese]. Porto Alegre (RS): Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes. Brasília:MS,2005.

Heilborn ML, Salem T, Rohden F, Brandão E, Knauth D, Víctora C et. al. Aproximações socioantropológicas sobre a gravidez na adolescência. Horiz. antropol. 2002; 8(17)13-45.

Heilborn ML, Aquino EML, Bozon M, Knauth DR organizadores. O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros. Rio de Janeiro:Garamond,2006.

Madeira FR org. Quem mandou nascer mulher? Estudos sobre crianças e adolescentes pobres no Brasil. Rio de Janeiro:Rosa dos Tempos,1997.

Scavone L. Maternidade: transformações na família e nas relações de gênero. Interface (Botucatu) 2001; 5(8)47-60.

Brasil. Ministério da Saúde. Humanização do parto e do nascimento. Brasília:MS,2014. (Cadernos HumanizaSUS; v. 4)

Ceccim RB, Ferla AA. Linha do cuidado: a imagem da mandala na gestão em rede de práticas cuidadoras para uma outra educação dos profissionais da saúde. In: Pinheiro R, Mattos RA organizadores. Gestão em redes: práticas de avaliação, formação e participação na saúde. Rio de Janeiro:Abrasco,2006. p.165- 184.

Ceccim RB. Equipe de saúde: a perspectiva entredisciplinar na produção dos atos terapêuticos. In: Pinheiro R, Mattos RA organizadores. Cuidado: as fronteiras da integralidade. Rio de Janeiro:Abrasco,2004. p. 259-278.

Ceccim RB. O que é saúde? O que é doença? In: Meyer DEE, Soares RFR, Dalla Zen MIH, Xavier MLMF organizadores. Saúde, sexualidade e gênero na educação de jovens. Porto Alegre:Mediação,2012. p. 29-40.

Brasil. Ministério da Saúde. Banco de Dados do Sistema Único de Saúde – DATASUS. [capturado 3 mar. 2016] Disponível em: http://www.datasus.gov.br

Amoretti R. A educação médica diante das necessidades sociais em saúde. Rev Bras Educ Med 2005; 29(2)136-146.

Downloads

Publicado

2017-05-09

Como Citar

Moraes, M., & Ceccim, R. B. (2017). ADOLESCENTES GRÁVIDAS: CONTRIBUIÇÃO À ASSISTÊNCIA E AO ENSINO, SEGUNDO O RELATO DE SUAS TRAJETÓRIAS. aúde m edes, 2(4), 433–444. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2016v2n4p433-444

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>