De quem é este bebê? Construção, desconstrução e resistência pelo direito de mães e bebês em Belo Horizonte

Autores

  • Sonia Lansky Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte

DOI:

https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n1suplemp191-208

Palavras-chave:

Saúde Coletiva, Direito Humanos, Serviços de Saúde

Resumo

 Resumo - Neste artigo são apresentadas reflexões acerca do contexto político e social envolvendo as ações recentemente enfrentadas por mulheres excluídas em Belo Horizonte, seja por sua situação de pobreza, por sua cor negra, por história de trajetória de rua, de sofrimento mental ou uso de álcool ou outras drogas da com a institucionalização pelo poder judiciário de condutas normativas ditadas ao setor de saúde. Segundo registros da cidade por fontes diversificadas, como a Defensoria Pública, o Conselho Nacional de Justiça, órgãos do executivo, da imprensa e relatos das próprias mães e famílias, estas ações resultaram em denúncias e abrigamentos compulsórios de bebês no momento do nascimento nas maternidades públicas, antes de esgotadas as possibilidades de apoio e abordagem do sistema de proteção social para a manutenção do convívio familiar e comunitário como direito da criança. São debatidas as relações de poder da ciência atuando por meio de ações de saúde e da medicina, tendo o hospital e a institucionalização do parto como representação máxima do poder de decisão sumária sobre a vida e a competência das pessoas para o exercício da maternidade,sem a comprovação de dolo, resultando na separação dos bebês de suas mães e famílias, como decisão preventiva, imbuídas de preconceitos persistentes na sociedade brasileira desigual e segregada, dirigidas à população pobre e destituída de poder para defesa de seus direitos de cidadania. 

Biografia do Autor

Sonia Lansky, Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1986), mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001) e doutorado em Saúde Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006); pós-doutorado pela ENSP/Fiocruz (2010) Atuou como consultora do Ministério da Saúde (2000 a 2016), foi coordenadora regional da Pesquisa Nascer no Brasil da Escola Nacional de Saúde Pública - Fiocruz. É pesquisadora do GPEAS-Grupo de Pesquisas em Epidemiologia e Avaliação em Saúde, da FM/UFMG. e professora colaboradora da Pós-graduação em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina UFMG. É médica da Prefeitura de Belo Horizonte, onde coordenou o Comitê de Prevenção de Óbitos Materno, Fetal e Infantil e a Comissão Perinatal de 1999 a 2016. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Pediatria, Epidemiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: mortalidade perinatal, mortalidade infantil, avaliação serviços de saúde e assistência perinatal.

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Publicado

2018-06-20

Como Citar

Lansky, S. (2018). De quem é este bebê? Construção, desconstrução e resistência pelo direito de mães e bebês em Belo Horizonte. aúde m edes, 4(1 Suplem), 191–208. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2018v4n1suplemp191-208

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