Território Urbano Saudável como horizonte de expectativas do agir em Cooperação Social nas favelas de Manguinhos (Rio de Janeiro)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18310/2446-4813.2019v5n3p143-160

Palavras-chave:

Colaboração Intersetorial, Saúde da População, Urbana Educação em Saúde

Resumo

Objetivos

Considerando a histórica relação da Fiocruz com a população residente no seu entorno, buscar-se-á refletir sobre um certo agir extensionista presente no modo de atuação em ‘cooperação social’, em alguns aspectos considerados importantes, com uma centralidade na noção de Territórios Urbanos Saudáveis.

Métodos

Para o estudo proposto, adotou-se o levantamento e análise de bibliografia pertinente ao tema, de reflexão sobre as anotações do caderno de campo e relatórios dos projetos vinculados ao Programa Territórios Urbanos Saudáveis. Adotou-se o enquadramento de Pesquisa Participante e Comunidade Ampliada de Pesquisa no desenvolver das ações.

Resultados

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possui uma história de relevantes contribuições, em diversas áreas disciplinares, para saúde da população brasileira, e quiçá, do mundo.  Suas ações incluem formulações de políticas públicas, assessorias, pesquisa e produção de medicamentos e insumos farmacêuticos, e a formação de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde. No campo educacional, ainda que possua algumas dezenas de cursos de pós-graduação, a Fiocruz assume um desenho institucional que a difere das Instituições de Ensino Superior encontradas no Brasil. Uma destas características de distinção seria a não existência de cursos de graduação, espaço privilegiado de atuação dos programas e projetos em extensão. Entretanto, os espaços de Cooperação Social tanto da Presidência como das Unidades atuam, nos diversos contextos, em situação análoga dos setores de extensão universitária comprometidos com a mitigação das desigualdades sociais e o combate à pobreza na sua perspectiva multidimensional.

Conclusões

A noção de projetos de caráter social e de responsabilidade social – insuficiente em si mesmos para serem considerados de extensão – estão presentes com grande força na Fiocruz pelo menos desde os anos 1990. A interação com Movimentos Sociais, certamente catalisada historicamente nos processos emergentes no Movimento Pela Reforma Sanitária e na diretriz de participação social do SUS, redesenhou o escopo da instituição na sua atuação em projetos sociais, incorporando preceitos presentes na extensão universitária. Deste modo, emergiu o setor de Cooperação Social da Fiocruz, atuante nos limites entre um setor de responsabilidade social, uma área de projetos socioculturais e também de extensão, num formato que se institucionalizou em 2009.

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Publicado

2019-12-03

Edição

Seção

Sessão Especial- Extensão na educação superior e profissional- Artigos originais

Como Citar

Lima, A. L. da S. (2019). Território Urbano Saudável como horizonte de expectativas do agir em Cooperação Social nas favelas de Manguinhos (Rio de Janeiro). Saúde Em Redes, 5(3), 143-160. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2019v5n3p143-160