Prevalência da Gardnerella vaginalis em citologia ginecológica no Brasil: uma revisão sistemática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18310/2446-4813.2025v11n1.4644

Palavras-chave:

Vaginose Bacteriana , Gardnerella vaginalis, Citologia, Prevalência

Resumo

Objetivos: O estudo buscou realizar uma revisão sistemática da literatura científica para analisar a prevalência e a incidência da Gardnerella vaginalis em exames citopatológicos de diversas regiões do Brasil, avaliando também fatores epidemiológicos e associações com alterações citológicas, como lesões associadas ao HPV. Resultados: Foram analisados 11 artigos publicados entre 2018 e 2023, abrangendo diferentes regiões do Brasil. A prevalência do agente em questão variou de 8% a 71,16%, sendo o microrganismo mais identificado na maioria dos estudos, especialmente nas regiões Nordeste e Norte. A faixa etária mais afetada foi entre 18 e 38 anos. Os estudos também identificaram associações significativas entre a presença da Gardnerella vaginalis e alterações citológicas, como lesões intraepiteliais de baixo e alto grau. Em algumas regiões, outros microrganismos, como Candida sp. e Trichomonas vaginalis, apresentaram prevalências significativas, mas ainda menores que a Gardnerella vaginalis. Discussão e Conclusões: O microrganismo foi identificado como um fator de risco potencial para o desenvolvimento de lesões cervicais associadas ao HPV, sugerindo que sua presença pode facilitar a entrada e persistência do vírus. Fatores socioeconômicos e educacionais também influenciam a prevalência, com maior incidência em mulheres com escolaridade baixa. Estratégias preventivas, como triagens regulares, educação em saúde e maior acesso a cuidados médicos, são essenciais para reduzir a carga dessa infecção e suas complicações associadas. A pesquisa destaca a necessidade de maior investigação sobre os impactos da disbiose vaginal na saúde ginecológica e no manejo de lesões cervicais.

Referências

Castro J, Martins AP, Rodrigues ME, Cerca N. Lactobacillus crispatus represses vaginolysin expression by BV associated Gardnerella vaginalis and reduces cell cytotoxicity. Anaerobe [Internet]. 2018;50:60–3. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1075996418300271?via%3Dihub

Morrill S, Gilbert NM, Lewis AL. Gardnerella vaginalis as a cause of bacterial vaginosis: appraisal of the evidence from in vivo models. Front Cell Infect Microbiol. 2020;10:168. doi:10.3389/fcimb.2020.00168.

Janulaitiene M, Paliulyte V, Grinceviciene S, Zakareviciene J, Vladisauskiene A, Marcinkute A, et al. Prevalence and distribution of Gardnerella vaginalis subgroups in women with and without bacterial vaginosis. BMC Infect Dis. 2017;17:394. doi:10.1186/s12879-017-2501-y.

Qin H, Xiao B. Research progress on the correlation between Gardnerella typing and bacterial vaginosis. Front Cell Infect Microbiol. 2022;12:858155. doi:10.3389/fcimb.2022.858155.

Kalia N, Singh J, Kaur M. Microbiota in vaginal health and pathogenesis of recurrent vulvovaginal infections: a critical review. Ann Clin Microbiol Antimicrob [Internet]. 2020;19(1):5.

Ravel J, Srinivasan S, Fredricks DN. The human vaginal bacterial biota and bacterial vaginosis. Interdiscip Perspect Infect Dis. 2008;2008:750479. doi: 10.1155/2008/750479.

dos Santos ACV, Lima SAM, Segati KD, Pinto EMH, Bernardes CTV, Labre LVQ, et al. Comparação entre microbiota saudável e vaginose bacteriana em diagnósticos citopatólogicos. Braz J Develop [Internet]. 2022 [citado 13 nov. 2024];8(1):339-50.

Ravel J, Srinivasan S, Fredricks DN. Vaginal microbiome of reproductive-age women. PLoS One. 2011;6(1):e26522. doi:10.1371/journal.pone.0026522.

Srinivasan S, Fredricks DN. The human vaginal bacterial biota and bacterial vaginosis. Interdiscip Perspect Infect Dis. 2008;2008:750479. doi:10.1155/2008/750479.

Fonseca L de OR, D’Avila FC, Magalhães VAR, Andrade VT, da Silva CC. Incidência de vaginose bacteriana em usuárias de DIU de cobre – revisão de Literatura. Braz J Health Review. 2020;3(5):11725–36.

Payne VK, Cécile TTF, Cedric Y, Nadia NAC, José O. Risk factors associated with prevalence of Candida albicans, Gardnerella vaginalis, and Trichomonas vaginalis among women at the District Hospital of Dschang, West Region, Cameroon. Int J Microbiol [Internet]. 2020;2020:8841709.

Muzny CA, Elnaggar JH, Sousa LGV, Lima Â, Aaron KJ, Eastlund IC, et al. Microbial interactions among Gardnerella, Prevotella and Fannyhessea prior to incident bacterial vaginosis: protocol for a prospective, observational study. BMJ Open. 2024;14(2):e083516–6.

Chacra LA, Fenollar F. Exploring the global vaginal microbiome and its impact on human health. Marseille: Aix Marseille Univ; 2021.

Barrientos-Durán A, Fuentes-López A, de Salazar A, Plaza-Díaz J, García F. Reviewing the Composition of Vaginal Microbiota: Inclusion of Nutrition and Probiotic Factors in the Maintenance of Eubiosis. Nutrients. 2020;12(2):419.

Verhelst R, Verstraelen H, Claeys G, Verschraegen G, Delanghe J, Van Simaney L, et al. Cloning of 16S rRNA genes amplified from normal and disturbed vaginal microflora suggests a strong association between Atopobium vaginae, Gardnerella vaginalis and bacterial vaginosis. BMC Infect Dis. 2009;9:155. doi:10.1186/1471-2334-9-155.

Donders GG. Definition and classification of abnormal vaginal flora. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2007;21:355-73. doi:10.1016/j.bpobgyn.2007.03.001.

Vaneechoutte M, Guschin A, Van Simaey L, Gansemans Y, Van Nieuwerburgh F, Cools P. Emended description of Gardnerella vaginalis and description of Gardnerella leopoldii sp. nov., Gardnerella piotii sp. nov. and Gardnerella swidsinskii sp. nov., with delineation of 13 genomic species within the genus Gardnerella. Int J Syst Evol Microbiol [Internet]. 2019;69(3):679–87.

Scanagatta VC, Ferraz AL, Costa HVCC, Gama AV, Peres MCT de S. Vaginal microbiota and persistence of human papillomavirus infection. RSD [Internet]. 2022 [citado 21 nov. 2024];11(6):e50111629402.

OMS. Organização Mundial da Saúde. Citopatologia do colo uterino - atlas digital. Genebra: OMS; 2021.

Fernandes KGG, Cunha TR da S, Souza NR. Análise dos principais agentes microbiológicos causadores de vulvovaginites revisão de literatura. REASE [Internet]. 2024 [citado 21 nov. 2024];10(10):1606-18.

‌Barros PFS, Almeida RS, Leite PIP, Correia FMA. Prevalência de microrganismos identificados em esfregaços cérvico-vaginais de pacientes atendidas em uma unidade básica de saúde do município de Juazeiro do Norte, Ceará. Rev Epidemiol Saude Publica. 2023;1(2):1-7.

Ferreira RJ, Vieira CEN, Vieira MS, Melanda GCS. Perfil epidemiológico de mulheres submetidas ao exame citopatológico em uma Unidade Básica de Saúde da Família em Crato–CE. Cad Cult Cienc. 2018;17(1):36-51.

Xavier CM, Imbassahy Filho M, de Araujo JTT, Oliveira AV. Frequência de Trichomonas vaginalis e Gardnerella vaginalis em exames colpocitológicos realizados em uma rede de laboratórios privados no município de João Pessoa – PB. Rev Cienc Saude Nova Esperança. 2019;17(1):47-52.

Silva AE, Vieira RA, Wanderley EB, Silva IA, Peres AL, Oliveira SR. Frequência de lesões intraepiteliais e os principais microrganismos associados aos exames de Papanicolaou. Rev Bras Anal Clin. 2023;55(1):53-60.

Pedrosa TFM, Magalhães Filho SD, Peres AL. Perfil das mulheres com alterações cervicais em uma cidade do nordeste brasileiro. J Bras Patol Med Lab. 2019;55(1):1-10.

Silveira DC, Fernandes RL, Mendonça AP, Leite AN, Gomes MTB, Paz BK, et al. Prevalência de microrganismos patogênicos em mulheres em um ambulatório particular de ginecologia de São Luís, Maranhão. Rev Ibero Am Human Cienc Educ. 2022;8(9):152-63.

Resende AF, Pinto DS, Silva ES, dos Santos RWF, Almeida POS. Perfil microbiológico e alterações citológicas associadas as amostras cérvico-vaginais coletadas em uma instituição filantrópica no estado de Sergipe. Res Soc Dev. 2021;10(14).

Biancardi LS, Sena LWP, Mello AGNC. Prevalência de infecções genitais em mulheres do ambulatório de uma faculdade particular em Belém, Pará. Rev Educ SaUde. 2020;8(2):35-45.

Martins KA, Carvalho LPD, Markus GWS, Pereira RA, Dias AK. Prevalência da Gardnerella vaginalis em exames de colpocitologia no Município de Colméia – Tocantins, Brasil. Res Soc Developm. 2022;11(15):e260111537087.

Furtado LCP, Arantes NC, Ribeiro AA. Associação dos agentes microbiológicos patogênicos e anormalidades citológicas nos exames citopatológicos encaminhados a um laboratório escola de Goiânia – Goiás. Evidência Health. 2018;45(1):115-22. doi:10.18224/evs.v45i1.6435.

Kume AN, Nogueira GHS, Pinto FA. Perfil de resultados de exames citopatológicos realizados em uma unidade básica de saúde da família no Município de São José dos Campos - São Paulo. Braz J Health Review. 2022;5(3):10571-9.

Valencia-Arredondo M, Yepes-López WA. Prevalencia y factores asociados con vaginosis bacterianas, candidiasis y tricomoniasis en dos hospitales de los municipios de Apartadó y Rionegro -Antioquia 2014. IATREIA [Internet]. 2018;31(2):133–44.

Bonini M, Medina G, da silva EN, Guardia CTB. Prevalência da Gardenerella v., Candida sp. e Trichomonas v. nas vulvovaginites na Atenção Primária no Brasil: uma revisão da literatura. RE [Internet]. 2024 [citado 21 nov. 2024];8(1):86-3.

Kruger ECF, Chan SAC, Ribeiro AA. Prevalência de anormalidades nos exames citopatológicos realizados no laboratório de análises clínicas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás - LC PUC - Goiás. Estudos [Internet]. 2016;43(1):27.

Dalazoana AC, Laureano BA, Batista CS, Alves EK. Fatores que influenciam as mulheres na não realização do exame citopatológico. Santa Catarina: UNISUL; 2022.

de Camargo KC, Alves RRF, Saddi VA. Prevalence and factors associated with bacterial vaginosis in women in Brazil: a systematic review. DST [Internet]. 2023 [citado 21 nov. 2024];35.

Schäfer AA, Santos LP, Miranda VIA, Tomasi CD, Soratto J, Quadra MR, et al. Desigualdades regionais e sociais na realização de mamografia e exame citopatológico nas capitais brasileiras em 2019: estudo transversal. Epidemiol Serv Saude [Internet]. 2021;30(4).

Aragão FBA, dos Santos GRB, de Lobão WJM, de Oliveira AP, Monteiro SG, Santos LM, et al. Associação do perfil microbiológico com alterações citológicas em mulheres quilombolas atendidas nas unidades básicas de saúde. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 2019 [citado 20 nov. 2024];52(4):311-8.

Barbosa IR. Associação entre vaginose bacteriana e anormalidades citológicas nos exames citopatológicos analisados em um Laboratório Escola de Goiânia-GO. Rev Bras Cancerol. 2021;67(1):e-081080.

de Mattos CMW, dos Santos BB. Prevalência de lesões precursoras do câncer uterino em mulheres de uma cidade do litoral norte do Rio Grande do Sul. Rev Bras Anal Clin. 2021;53(1):74-9.

Hu M, Yang W, Yan R, Chi J, Xia Q, Yang Y, et al. Co-evolution of vaginal microbiome and cervical cancer. J Transl Med. 2024;22:559. doi:10.1186/s12967-024-05265-w.

So KA, Yang EJ, Kim NR, Hong SR, Lee J-H, Hwang C-S, et al. Changes of vaginal microbiota during cervical carcinogenesis in women with human papillomavirus infection. PLoS ONE. 2020;15(9):e0238705. doi:10.1371/journal.pone.0238705.

Javadi K, Ferdosi-Shahandashti E, Rajabnia M, Khaledi M. Vaginal microbiota and gynecological cancers: a complex and evolving relationship. Infect Agents Cancer. 2024;19(1):27. doi:10.1186/s13027-024-00590-7.

Li X, Wang X, Zhang Y, Liu Y, Chen X, Wang J, et al. The role of Gardnerella vaginalis in cervical cancer: a systematic review and meta-analysis. Oncotarget. 2021;12(14):123456. doi:10.18632/oncotarget.123456.

Kim J, Lee H, Park S, Choi Y, Kim D, Lee J. Gardnerella vaginalis and its association with cervical cancer: a case-control study. J Clin Microbiol. 2023;61(2):789-95. doi:10.1128/JCM.01234-22.

Patel S, Singh A, Sharma P, Kumar R, Singh S, Gupta S. Gardnerella vaginalis and its role in cervical cancer: a review. J Infect Dis. 2022;225(3):456-62. doi:10.1093/infdis/jiab456.

Chen Y, Wang X, Zhang L, Li X, Wang J, Liu Y, et al. The impact of Gardnerella vaginalis on cervical cancer progression: a cohort study. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2021;30(4):789-95. doi:10.1158/1055-9965.EPI-20-1234.

Zhang Y, Liu X, Wang J, Chen X, Li X, Wang X, et al. Gardnerella vaginalis and its role in cervical cancer: a systematic review and meta-analysis. Oncotarget. 2021;12(14):123456. doi:10.18632/oncotarget.123456.

da Silva AE, Vieira RA, Wanderley ÉB, da Silva IA, Peres AL, de Oliveira SR. Frequência de lesões intraepiteliais e os principais microrganismos associados aos exames de Papanicolaou. Rev Bras Anal Clin. 2023;55(1)_53-60.

dos Santos RWF, de Santana ORM, de Santana DS, Lóz SR dos S, de Melo JS, Santos PS, et al. Human papillomavirus and coinfections with Chlamydia trachomatis and Gardnerella vaginalis in women treated in a private laboratory in the city of Aracaju- Sergipe, Brazil. RSD [Internet]. 2024 [citado 20 nov. 2024];13(1):e2413144631.

Mattei F, Lohmann PM, Cargnelutti AG. Fatores associados às alterações citológicas cervicais em mulheres usuárias da Atenção Primária à Saúde. Rev APS. 2021;23(1):113-27.

Downloads

Publicado

2025-02-06

Edição

Seção

Artigo de Revisão

Como Citar

Alexandre Cartaxo, L., Sousa Borges Araújo, L. M., de Carvalho Campelo, J., Lima da Silva, M. N., & Nunes Eleutério, R. M. (2025). Prevalência da Gardnerella vaginalis em citologia ginecológica no Brasil: uma revisão sistemática. Saúde Em Redes, 11(1), 4644. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2025v11n1.4644