AVALIAÇÃO ESPIROMÉTRICA DE GESTANTES NO SEGUNDO E TERCEIRO TRIMESTRES GESTACIONAIS

Autores

  • Karla Poersch UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
  • Fernanda Machado Kutchak UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
  • Alessandra Ayala UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

Resumo

INTRODUÇÃO: A gestação é conhecida por suas repercussões físicas e psicológicas e por desencadear uma série de processos bioquímicos e fisiológicos no organismo feminino, visando estabelecer as condições necessárias para o crescimento do embrião e pleno desenvolvimento fetal. Dentro deste contexto, o sistema respiratório passa por algumas alterações que influenciam diretamente na função respiratória da gestante, como por exemplo, o aumento do estímulo da progesterona sobre o centro respiratório e a elevação progressiva do músculo diafragma, em função do crescimento uterino. A espirometria de fluxo é considerada o teste padrão para mensurar os fluxos e volumes pulmonares, apresentando-se como um método seguro, podendo ser utilizado durante o período gestacional. OBJETIVO: Este estudo objetivou avaliar através da espirometria, a função pulmonar de gestantes no segundo e terceiro trimestres gestacionais, participantes de um grupo comunitário. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo quantitativo observacional, de caráter transversal descritivo, realizado com um grupo de gestantes, frequentadoras de um espaço comunitário em uma cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. Para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista inicial, medidas de peso e altura e a realização da Espirometria de Fluxo, com a utilização de um espirômetro portátil digital Datospir Micro C - Sibelmed®. RESULTADO: A amostra contou com 20 gestantes com média de idade de 27,3 ± 6,7 anos, sendo 60% multíparas, com idade gestacional média de 25 ± 6 semanas. Pôde-se observar que os parâmetros CVF, VEF, FEF25-75% e PFE apresentaram valores significativamente menores (p<0,001), com relação aos valores de referência para mulheres não grávidas, bem como quando comparados ao previsto para elas mesmas. Constatou-se ainda, correlação positiva moderada entre o número de semanas de gestação e a CVF, demonstrando que este parâmetro apresenta um aumento progressivo durante a gestação. A comparação entre o IMC médio por trimestre gestacional evidenciou diferença estatisticamente significativa (p< 0,05), tendo as gestantes do terceiro trimestre apresentado valores maiores, com média de 29,01±4 Kg/m² e as do segundo 24,87±3 Kg/m². Apesar de um Índice de Massa Corporal elevado estar associado à limitação da capacidade ventilatória máxima e aumento do trabalho respiratório, este estudo mostrou que quando comparada a função pulmonar de acordo com o período gestacional, as gestantes que se encontravam no terceiro trimestre apresentaram valores espirométricos de CVF, VEF1, FEF25-75% e PFE maiores e, portanto, mais próximos do previsto, do que as do segundo trimestre, porém, não foi encontrada significância estatística (p>0,05). CONCLUSÃO: Este estudo evidenciou que durante a gestação os volumes pulmonares encontram-se diminuídos em comparação aos valores previstos para mulheres não grávidas, estando esta diminuição mais evidente no segundo trimestre gestacional. O fisioterapeuta enquanto profissional integrante da equipe multidisciplinar que deve acompanhar a gestante, é capaz de avaliar e definir o melhor plano de tratamento para estas, seja ele relacionado à promoção e proteção da saúde ou prevenção de agravos, tanto de ordem musculoesqueléticas, biomecânicas e também respiratórias. Sugere-se a realização de novos estudos capazes de avaliar estes e outros aspectos da função pulmonar durante esse período, contando com uma amostra maior e objetivando descrever as particularidades desta população.