DESIGUALDADE SOCIAL E PERCEPÇÃO SOBRE DIREITOS, PRIVILÉGIOS E MERITOCRACIA: TRAJETÓRIA DE VIDA E QUESTÕES ENVOLVIDAS

Autores

  • Mariana Fonseca Vaz INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO (IFRJ)
  • Kerollane Pereira de Araujo Dias INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO (IFRJ)
  • Natália Correia da Silva Ramos INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO (IFRJ)
  • Valdilene Lima de Almeida INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO (IFRJ)
  • Luis Aureliano Imbiriba INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO (IFRJ)
  • Adriana Ribeiro de Macedo INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO (IFRJ)

Resumo

INTRODUÇÃO: No Brasil há uma marcante desigualdade social e um processo sistemático de naturalização dessa desigualdade até mesmo pelos que mais sofrem com ela. A constituição, que resguarda o direito de todos, não é implementada universalmente, havendo grupos cujos direitos são subtraídos. OBJETIVO: Observar a distribuição relativa entre os alunos, gerada por questões relacionadas a seu modo de ser, viver e estar no mundo e a que categorias os próprios participantes atribuem a distribuição resultante. METODOLOGIA: O estudo foi realizado com 18 alunos da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram aplicadas a Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI), que infere sobre a empatia, e a Escala de Comparação Social (ECS), com 11 questões sobre força e poder, talento, atração social e aceitação pelos outros. A atividade proposta foi a Caminhada da desigualdade", inspirada no Privilege Walk. Foram feitas 50 afirmativas com temas relativos às violências física e simbólica, direitos e privilégios. Os participantes deveriam dar passos à frente ou para trás, conforme fosse solicitado, caso a afirmativa fosse verdadeira para eles. A atividade evidenciou as diferenças entre as trajetórias de vida dos participantes. Ao final os voluntários inferiram numa escala de zero a dez, sobre a sua sinceridade durante a atividade e avaliaram os fatores que contribuíram para suas posições finais deixando suas percepções áudio-gravadas ou por escrito. Foi feita a análise qualitativa dos dados (análise de conteúdo) e a análise quantitativa descritiva (média e desvio padrão) e inferencial (correlação de Pearson e Spearman) das escalas, considerando um nível de significância de 0,05. O projeto foi aprovado pelo CEP/IFRJ.". RESULTADO: Houve uma significativa (p = 0,0189) e moderada correlação inversa (R de Pearson = -0,55) entre a posição final dos participantes e a ECS, mostrando que os participantes que ficaram nas posições mais posteriores possuem escores menores na ECS. Entre a posição final dos participantes na caminhada e a EMRI houve uma correlação fraca (R de Spearman = +0,18) e não significativa (p = 0,4738). O grau de sinceridade dos participantes foi de no mínimo 70%. Na análise de conteúdo, os participantes elencaram como motivos responsáveis pelas suas posições finais na Caminhada: a classe social, a estrutura/apoio familiar, orientação sexual, gênero, oportunidades e privilégios. Em nossa pesquisa, os participantes que ficaram nas posições iniciais atribuíram isso a uma boa condição financeira e um bom apoio familiar e a ser heterossexual, enquanto aqueles que ocuparam as posições mais posteriores, relataram que a sua orientação sexual (homossexualidade) e o seu gênero (feminino) foram as questões que mais contribuíram para tal posição. CONCLUSÃO: Dentro de uma turma de estudantes universitários há grande diversidade de experiências sociais e de vida. Há correlação entre a posição final na Caminhada e sua auto percepção em comparação com os outros. Um debate de questões sociais sobre violência física e simbólica pode ser conduzido através dessa atividade, pois a posição final dos demais participantes gera empatia e favorece um diálogo construtivo e removedor de estereótipos.