OFERTA DOS SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA OBSTÉTRICA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: CENÁRIO ATUAL E FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O MESMO

Autores

  • Leidiane de Oliveira Santos INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO
  • Mauren Lopes de Carvalho INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO

Resumo

INTRODUÇÃO: Desde 1984, o movimento feminista busca garantir a assistência no ciclo gravídico de forma humanizada, redução das intervenções desnecessárias e a compreensão do processo fisiológico em que consiste o parto. Na perspectiva do parto humanizado, o fisioterapeuta possui recursos para alívio da dor e facilitação do parto. Por outro lado, atualmente, segundo Organização Mundial de Saúde, o Brasil é líder em cesárias, levando ao questionamento sobre a participação efetiva deste profissional nesta área. OBJETIVO: Identificar e analisar a oferta dos serviços de fisioterapia durante o trabalho de parto, considerando a Política de Humanização do Parto e do Nascimento, identificando as instituições que realizam parto humanizado no município do Rio de Janeiro, se há ou não e por que, a participação do fisioterapeuta durante o parto e se esta atuação é reconhecida pelos Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITOs) e pela Classificação Brasileira de Ocupação (CBO). METODOLOGIA: Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal. Este tem uma etapa quantitativa através da busca das instituições que realizam parto através do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Posteriormente, foi realizada a aproximação ao campo para identificar aquelas que realizam parto humanizado. O reconhecimento da atuação fisioterapêutica em obstetrícia foi verificado nos websites dos CREFITOs e DATASUS. Das instituições que realizam parto humanizado, foram selecionadas as localizadas nas áreas programáticas 2.1 e 2.2 para a realização de entrevistas com 1 fisioterapeuta e 1 representante da equipe obstétrica. RESULTADO: Identificou-se no CNES e SMS-Rio 24 instituições. Destas, 12 realizam parto humanizado, 6 não realizam, 1 não forneceu informação e 5 foram extintas. Das 12 instituições que realizam parto humanizado, 5 possuem fisioterapeutas gerais, 6 contém fisioterapeutas atuando no pré-natal, pós-parto ou neonatal e 1 atuando no parto. Com relação ao reconhecimento oficial desta atividade profissional do fisioterapeuta, há duas especialidades possíveis, fisioterapia em saúde da mulher ou fisioterapia urogineco-funcional. Há o reconhecimento dessa especialidade na maioria dos CREFITOs, porém não em todos. Por outro lado, o DATASUS não apresenta esta área entre as Ocupações de nível superior. A partir das entrevistas foi possível elencar 3 categorias: (1) Formação e atuação profissional, teve como elementos norteadores Processo de formação do fisioterapeuta e Vivência profissional do fisioterapeuta; (2) Ampliação do serviço, teve como elementos norteadores Inserção de novos profissionais, Quadro de funcionários, Equipe multiprofissional ou interdisciplinar e Reconhecimento por parte da equipe obstétrica; (3) Política de Humanização do Parto e Nascimento (PHPN), teve como elementos norteadores Cuidados com o RN, Atenção a parturiente e Aproximação à PHPN. CONCLUSÃO: Considerando os dados levantados nota-se que a atuação fisioterapêutica no trabalho de parto e parto está em processo de reconhecimento, apesar da Resolução COFFITO 365/09 que reconhece a fisioterapia urogineco-funcional como especialidade. Logo, afeta a oferta deste serviço. Este cenário é observado na fisioterapia ao mesmo tempo em que o Brasil é campeão em cesárias.