OFICINAS CORPORAIS E A SAÚDE DO TRABALHADOR: INTERDISCIPLINARIDADE E CUIDADO INTEGRAL

Autores

  • Larissa Baraçal Bordon UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (UNIFESP)
  • Luisa Spinola UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (UNIFESP)
  • Laura Camara Lima UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (UNIFESP)
  • Fernanda Flávia Cockell UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS BAIXADA SANTISTA (UNIFESP)

Resumo

INTRODUÇÃO: Uma pesquisa anterior desenvolvida pelo Departamento Regional de Saúde IV (DRS-IV) comprovou a importância de se pensar em intervenções coletivas capazes de empoderar os trabalhadores e criar espaços de troca e fortalecimento, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia. Considerando a complexidade do trabalho em saúde, foram propostas oficinas interdisciplinares e interprofissionais, unindo competências relativas à Saúde Mental Relacionada ao Trabalho (SMRT) e à Saúde do Trabalhador e tendo, na equipe, profissionais e acadêmicos de Psicologia e Fisioterapia. A proposta buscou entender o corpo como processual, que se forma e reforma de acordo com as relações de significados, caracterizados pelas marcas culturais que distinguem sujeitos e constituem marcas de poder. OBJETIVO: Elaborar, implementar e analisar um programa de oficinas corporais interdisciplinares com trabalhadores, considerando a indissociabilidade corpo-mente e as possibilidades de atuação da fisioterapia na promoção à saúde e prevenção de doenças. METODOLOGIA: Método qualitativo de pesquisa por meio da prática de pesquisa-ação. Após extensa revisão bibliográfica, foram desenvolvidas em 2016 seis oficinas com um grupo de 12 trabalhadores da DRS-IV, de acordo com os princípios da educação popular em saúde. Os critérios de seleção para a participação eram não entrar em período de férias durante as atividades e participar por livre e espontânea vontade. RESULTADO: Cada encontro semanal, de duas horas, contou com dois momentos distintos, mas complementares: roda de conversa e atividade prática. Na primeira oficina, cujo o objetivo era compreender o conceito de saúde para o grupo, propusemos a atividade do desenho corporal e uma dinâmica como ferramenta facilitadora da discussão. A segunda oficina tratou do tema corporeidade e cooperação, com três dinâmicas corporais diferentes para trabalhar a percepção corporal, a confiança e a cooperação entre o grupo, sendo exibido um vídeo para disparar a discussão. Na terceira oficina elaboramos o laboratório do estresse, com elementos estressores do cotidiano de trabalho, com o objetivo de discutir os conceitos de distresse e eustresse e compartilhar estratégias de defesa individuais e coletivas. Por meio de um jogo de tabuleiro abordamos, na quarta oficina, dúvidas e certezas sobre o sono. A quinta oficina teve como tema a prática e o comportamento alimentar. O vídeo do novo guia alimentar para a população brasileira foi o disparador sobre o comer saudável, comensalidade, autonomia na alimentação, relação entre alimentação e trabalho e marketing. Na sexta oficina discutimos as impressões dos integrantes do grupo acerca da experiência das oficinas. Ao término de todas as oficinas eram realizados alongamentos que iam de encontro às queixas dos trabalhadores. ". CONCLUSÃO: A aproximação com os trabalhadores, serviço e território trouxe o desafio de abordar temáticas do dia a dia das (os) trabalhadoras(es) e da saúde diante de práticas prescritivas e médico centradas, permitindo refletir sobre o trabalho com grupos, a integralidade do cuidado e a interdisciplinaridade. As oficinas proporcionaram um espaço para o grupo compartilhar experiências e estratégias de cuidado e se mostraram uma estratégia potente tanto para a promoção da saúde e prevenção de sequelas, quanto para a discussão do corpo enquanto discurso e sua indissociabilidade com a mente.