UM CAMINHAR NA REDE DE CUIDADOS À SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: UM ESTUDO NO CENTRO ESPECIALIZADO DE REABILITAÇÃO NA BAHIA

Autores

  • Marcio Costa de Souza UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
  • Clara Oliveira Esteves UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
  • Raquel Miguel Rodrigues UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
  • Nathalia Silva Fontana Rosa UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
  • Wendell Lira Viana UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
  • Lea Mara Reis de Melo UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Resumo

INTRODUÇÃO: A estruturação das Redes de Atenção à Saúde vem sendo traçada numa perspectiva que visa à consolidação de sistemas de saúde integrados que favoreçam o acesso com continuidade assistencial, a integralidade da atenção e utilização racional dos recursos existentes. OBJETIVO: Analisar as redes produzidas pelos usuários no cuidado em saúde da pessoa com deficiência em um Centro Especializado de Reabilitação. METODOLOGIA: Este estudo é um desdobramento de uma pesquisa nacional (Observatório Nacional da Produção de Cuidado em diferentes modalidades à luz do processo de implantação das Redes Temáticas de Atenção à Saúde no SUS). Encontros entre pesquisadores, trabalhadores e usuários, uns com os outros e entre si. A pesquisa nos convida a um caminhar cartográfico pelas redes de saúde, pela vida de trabalhadores e usuários, buscando uma perspectiva mais ampla do itinerário que os usuários fazem nas redes de atenção à saúde e também fora dela. Acompanhamos os caminhos percorridos de uma usuária-guia de um Centro Especializado. RESULTADO: Esta experiência nos faz pensar em diversos caminhos que precisam ser reverberados, pois diante de uma usuária-guia que inicialmente apresentava um quadro de deficiência intelectual e física, pudemos pensar junto com a equipe as conexões entre redes de atenção pela condição familiar existente naquela situação. Ou seja, nos chama atenção a não produção de caixas separadas nas redes como estão normalmente postas nos documentos que as fundamentam. Estas redes são vivas e se conectam, pois não são formadas apenas por estações de cuidado, mas por pessoas que transitam e tem seus desejos e aspirações, tanto dos que usam os serviços, assim como no mundo dos trabalhadores.Esta rede foi visibilizada a partir da rede viva produzida por J. que luta constantemente para o cuidado em saúde e só pôde ser constatada diante de ações extra muros dos pesquisadores junto com os trabalhadores. Esta ação chama atenção da equipe sobre a necessidade de se tornar uma prática ações que extrapolem os consultórios e salas de reabilitação do serviço. A concepção de saúde presente na formação dos trabalhadores foi algo que se apresentou de forma intensa, É um assunto que precisa ser visitado e discutido desde a academia até o mundo do trabalho. As universidades devem (re)pensar o caráter de formação de algumas profissões que ficam na lógica apenas da reabilitação, presas no corpo com órgãos. Há uma necessidade de se ampliar o olhar sobre as pessoas que serão atendidas por estes futuros profissionais, não se deter às tecnologias duras e entender outras tecnologias do cuidar. E no mundo do trabalho, espaços que construam a educação permanente, enquanto dispositivo do cuidar, como algo que de fato produza uma (trans)formação constante e com sentido na vida dos trabalhadores e das pessoas que utilizam os serviços. CONCLUSÃO: Este caminhar por dentro da Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência a partir do olhar dos usuários e dos trabalhadores de saúde nos permitiu olhar para além da rede formal instituída, e refletir acerca de questões advindas diretamente das necessidades desses atores do mundo da produção do cuidado.