CONVERSANDO SOBRE O INCÔMODO: OFICINAS CORPORAIS COM TRABALHADORES AFASTADOS

Autores

  • Fernanda Flávia Cockell UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP)
  • Larissa Baraçal Bordon UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP)
  • Luisa Spinola Pereira Lemos UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP)
  • Taís Viana Franco UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP)

Resumo

INTRODUÇÃO: A Prefeitura Municipal de Santos conta com o Programa de Promoção à Saúde e Qualidade de Vida do Servidor Municipal (ComViver), tendo como parceiros os cursos de fisioterapia e psicologia da Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista. As ações em Saúde do Trabalhador demandam um campo interdisciplinar e multiprofissional, na medida em que nenhuma área de saber isoladamente consegue contemplar a abrangência da relação trabalho-saúde. Um estudo piloto mapeou os índices de absenteísmo, motivando a prefeitura a lançar em 2015 o programa de gestão de afastamentos por licença médica. A proposta é acompanhar a saúde física, mental e sócio-funcional do servidor afastado há mais de 90 dias por motivos de saúde. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Entre as diversas ações do programa, a convite da psicóloga da prefeitura os estagiários de fisioterapia, sob supervisão docente, integram a ação terapêutica Conversando sobre o incomodo. A psicóloga constatou que o absenteísmo prolongado por distúrbios musculoesqueléticos (DMEs) acaba resultando em sintomas como depressão, transtornos de ansiedade e pânico. Com a proposta de prevenir os transtornos mentais e comportamentais, servidores afastados há mais de noventa dias por DMEs são convidados a participar de quatro encontros semanais para auxiliar a reflexão sobre os aspecto emocionais e corporais das DMEs. Considerando a indissociabilidade corpo-mente, almeja-se: 1° encontro: apresentar o projeto e explicar como a dor crônica tem impactos na funcionalidade e na qualidade de vida; 2° encontro: compreender o que os servidores ainda conseguem realizar diante das limitações impostas por suas incapacidades, construir estratégias para potencializar os aspectos positivos, ampliar os facilitadores, orientá-los sobre os principais sinais da depressão/ansiedade e disponibilizar os serviços de psicologia caso desejem acompanhamento individual; 3° encontro: identificar os sinais e sintomas através de um desenho corporal com as áreas geradoras de dor e de prazer, ampliar a percepção corporal e compartilhar estratégias para minimizar os desconfortos percebidos; 4° encontro: dividir com o grupo os aprendizados após a vivência e possíveis benefícios. IMPACTOS: Foram realizados até o momento oito grupos distintos. Ao final de cada grupo, os participantes respondem a dois questionários: um sobre suas percepções, aspectos favoráveis e sugestões de mudança e o Health Assessment Questionnaire (HAQ) com o propósito de avaliar a funcionalidade. Relatos dos servidores apontam ser positivo a atenção recebida, a troca de experiências e o compartilhamento dos problemas. Para os discentes de fisioterapia, a ação permite a vivência da prática multiprofissional e a compreensão do modelo biopsicossocial. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Desde a concepção do projeto, a não obrigatoriedade e a indissociabilidade corpo e mente foram princípios norteadores. O projeto conversando sobre o incômodo permite a prevenção secundária de transtornos mentais e comportamentais dos servidores afastados por DMEs, corroborando com a reflexão dos aspectos emocionais e corporais. Entre os desafios enfrentados, estão à participação da equipe da fisioterapia apenas no terceiro encontro, devido às demais demandas do estágio, e o baixo número de servidores que aderem à proposta devido às barreiras impostas pelos fatores ambientais.