PÉ DIABÉTICO: CONSULTA COMPARTILHADA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA E PREVENTIVA

Autores

  • Lívia Batista Silva Carvalho SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL
  • Larissa de Lima Borges SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL

Resumo

INTRODUÇÃO: O Diabetes mellitus (DM) é um distúrbio crônico que compromete o metabolismo da glicose e de outras substâncias produtoras de energia, associado a uma variedade de complicações crônicas que têm impacto social e econômico importante na saúde pública. Dentre elas, destaca-se o pé diabético, um conjunto de alterações do sistema nervoso periférico sensitivo, motor e autônomo dos membros inferiores e que, se não receberem o tratamento adequado podem levar a amputação ou até a morte. A avaliação dos pés de portadores de DM, o estimulo ao autocuidado e o tratamento oportuno, são ações que diminuem os riscos de ulceração, amputação e suas consequências. O presente trabalho relata uma experiência no rastreio ao pé diabético na atenção básica, fruto da parceria entre a fisioterapia do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Brazlândia-DF. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: A experiência consiste em uma intervenção frequente na rotina dos NASFs, a consulta compartilhada. A partir do ano de 2014, a fisioterapeuta desse núcleo de apoio passou a utilizá-la para melhorar o acompanhamento dos diabéticos. Apesar de ser uma recomendação do Ministério da Saúde a realização periódica de exames dos pés dos portadores de DM, foi observado que as equipes da ESF não os realizavam de forma sistemática. A partir daí, por iniciativa do NASF, iniciou-se a construção conjunta de espaços de educação em saúde sobre o autocuidado com os pés associados as consultas compartilhadas entre a fisioterapeuta e o enfermeiro da equipe. Nessas consultas, eram feitos os exames dos pés guiados por uma ficha de avaliação padrão adotada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que investigava a presença de sintomas neuropáticos e/ou vasculares, inspeção das pernas/pés, avaliação de deformidades/alterações de pisada, avaliação de limitação de mobilidade articular e testes para investigar perda de sensibilidade protetora e doença arterial periférica. Os casos que apresentavam alguma alteração, eram encaminhados para o ambulatório de referência em pé diabético ou para a oficina ortopédica para confeccionar palmilhas e/ou calçados adaptados e os demais, continuavam sendo acompanhados pela equipe e realizando esse exame uma vez ao ano. IMPACTOS: Essa experiência mostrou que a parceria relatada aumentou a capacidade de cuidado das equipes e a despertou para um acompanhamento mais integral dos diabéticos que por muito tempo ficou focado no controle glicêmico. Hoje os enfermeiros estão mais seguros na realização desse exame, o que reforça o papel da enfermagem nas ações de cuidado com os portadores de DM na atenção básica e o quanto a abordagem da fisioterapia pode enriquecer o manejo dos casos. Proporcionou também um diagnóstico precoce e tratamento oportuno dos casos, fato decisivo na prevenção de complicações. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O relato apresentado mostra que a consulta compartilhada é um excelente instrumento de trabalho integrado e colaborativo, que o trabalho multiprofissional é essencial no cuidado ao DM e que a fisioterapia pode contribuir para uma assistência à saúde realmente integral. Mostra também que a educação preventiva tem papel importante nas complicações do DM e na qualidade de vida de seus portadores.