IMPACTOS DO PRIMEIRO CONTATO DE ACADÊMICOS DE FISIOTERAPIA COM A SAÚDE MENTAL A PARTIR DE UM PROJETO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Autores

  • Erivaldo Santos de Lima UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS; CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES
  • Carilane Barreto da Silva UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS; CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES

Resumo

INTRODUÇÃO: A experiência se deu a partir da segunda edição do VerSUS (Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde) em Alagoas, realizada no município de Arapiraca no primeiro semestre de 2016. O VerSUS é um projeto do Ministério da Saúde em parceria com a Rede Unida, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), União Nacional dos Estudantes (UNE), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretárias Municipais de Saúde (CONASEMS). DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: A vivência foi constituída por eixos de formação, em doze dias e facilitados por estudantes e profissionais que já participaram de alguma das edições do projeto. Cada um dos eixos foi composto por leitura, discussão de textos, exibição de documentários, dinâmicas, dramatizações e vivências práticas a partir de visitas aos Serviços de Saúde. O eixo que originou este relato foi o eixo Saúde Mental. A principal atividade do eixo foi a visita a uma Comunidade Terapêutica, que foi marcada por ceticismo, assim que a equipe de viventes foi recebida pelos responsáveis e apresentada ao local. Dentre os funcionários, um psicólogo, um assistente social e os conselheiros (que são pessoas que estão num estado avançado de recuperação ou recuperados). A comunidade conta com regras de convivência absurdas, a citar, a imposição da crença em um ser superior, e a ausência de visita íntima, o que viola os direitos humanos. Após visita às instalações do local, foi feito uma roda com os residentes da comunidade e cada um se apresentou e os viventes interagiram através de apresentações e perguntas. Uma das falas dos residentes enfatizou a felicidade em receber a equipe, no sentido de ter alguém para conversar, o que leva a refletir sobre o papel dos profissionais envolvidos. Os relatos e falas de cada um deles terminavam com uma frase de efeito, e as respostas pareciam ter sido ensaiadas. Um dos rapazes afirmou que o que mais queria era sair do local o que culminou numa postura truculenta da coordenação. Todos foram embora com um sentimento de indignação e a visita rendeu um amplo debate. IMPACTOS: Dentre os impactos da experiência, pode-se destacar a visualização prática de violação dos direitos humanos, a indignação que culminou em militância por parte de alguns viventes, a percepção da importância da formação generalista, bem como dos princípios da integralidade e equidade no cuidado em Saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É evidente que Programas como o VerSUS são extremamente importantes para a imersão nas diversas realidades que muitas vezes são mascaradas pela teoria da Universidade. Por outro lado, abre espaço para a problematização sobre a formação em Saúde, considerando que muito do que é vivenciado não é visto na Universidade. No caso da atuação da Fisioterapia, percebe-se que ainda há uma resistência de pensar no cuidado em Saúde Mental, e isso se dá pelo viés reabilitador que mesmo diante de avanços nos Projetos Político Pedagógicos, ainda falta um olhar generalista, equânime e integral, além de empatia e empoderamento.