DOR MUSCULOESQUELÉTICA EM TRABALHADORES DA APS

Autores

  • Ana Paula Medeiros Pereira UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
  • Tånia Maria de Araòjo UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Resumo

INTRODUÇÃO: os trabalhadores da saúde estão sujeitos a diversos agravos à saúde, destacando-se a dor musculoesquelética, que repercute em altos índices de absenteísmo e incapacidade, com reflexos na qualidade dos serviços prestados. OBJETIVO: estimar a prevalência de dor musculoesquelética, em diferentes segmentos corporais, segundo características do trabalho, com destaque para a função/ocupação desempenhada, demanda física e os aspectos psicossociais do trabalho. METODOLOGIA: estudo de corte transversal, envolvendo 908 trabalhadores da atenção primária à saúde. Utilizou-se um questionário com informações gerais sobre o trabalho, ambiente de trabalho, características psicossociais do trabalho, atividades domésticas e hábitos de vida, aspectos relacionados à saúde, incluindo análise de sintomas musculoesqueléticos. RESULTADO: Na população geral, a prevalência de dor musculoesquelética foi de 66,4%, superando a prevalência descrita em outros estudos. As mulheres apresentaram uma maior prevalência de dor (69,1%) do que os homens (56,0%), que pode ser explicado pela sujeição daquelas a dupla jornada de trabalho e menor destinação de tempo para atividades que amenizam os efeitos deletérios do trabalho sobre a saúde. Maior prevalência de dor foi observada em MMSS (51,0%), POPAD (46,5%) e MMII (40,1%). A alta exigência de trabalho e o trabalho passivo levaram a maior prevalência de dor (71,5% e 65,9%) e a exposição a alta demanda física representou a maior prevalência observada (74,1%). A prevalência de dor musculoesquelética encontrada supera a prevalência descrita em outros estudos. Mulheres apresentaram maior prevalência de dor do que os homens, podendo ser explicado pela dupla jornada de trabalho e menor destinação de tempo para atividades que amenizam os efeitos deletérios do trabalho ˆ saúde. Dentre as categorias profissionais, os agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de endemias apresentaram as maiores prevalências de dor. CONCLUSÃO: Ao se realizar um estudo sobre DME, é importante levar em consideração as diferenças de gênero. As altas prevalências de DME em trabalhadores da atenção primária, com exposição a situações de trabalho com baixo controle, alta demanda psicológica e alta demanda física apontam a necessidade de políticas públicas que considerem a saúde desses trabalhadores, envolvendo aspectos físicos e psicossociais do trabalho.