A PERSPECTIVA DO ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO A PACIENTES EM CONDIÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Resumo

INTRODUÇÃO: Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010 constatou-se um total de 11.425.644 pessoas que vivem em comunidades, correspondendo a 6% da população total. As famílias que residem nesses locais vivem em condições de grande vulnerabilidade ao ponto de não terem acesso direto à atenção em saúde, muitas vezes por falta de conhecimento ou por questões financeiras. Vulnerabilidade é o conjunto de aspectos individuais ou coletivos, sociais e de disponibilidade de recursos, que podem resultar no adoecimento, ou agravos à saúde (SILVA, 2012). A Atenção Básica (AB) monitora, por meio da intervenção, as condições de vida e saúde das famílias, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade (CHIESA, 2006). Uma vez que estes aspectos sociais estão relacionados às estratégias nas ações de saúde, pode-se obter melhor compreensão da doença e consequentemente uma resposta mais efetiva às necessidades deste público (OLIVEIRA, 2012). O trabalho objetiva abordar os impactos causados em um atendimento vivenciado com pessoas que vivem nessas condições, e a partir disso, transformar a perspectiva do acadêmico no atendimento por meio do conhecimento da realidade social. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O projeto Fisioterapia na Comunidade trabalha na atenção básica promovendo ações educativas em saúde, além de atendimentos domiciliares em comunidades periféricas no município de João Pessoa-PB. Em um atendimento, conhecemos uma paciente que vive em um contexto de vulnerabilidade social, cujo diagnóstico era hipertonia muscular decorrente de um estado depressivo. O quadro dela atingia os âmbitos familiares, físico e psicológico, levando-nos a conhecer outros motivos que levaram às suas limitações físicas. A paciente reside com sua mãe (numa relação conflituosa que compromete sua recuperação), a filha (cuidadora) e a neta. Durante os atendimentos adaptávamos os recursos utilizados para contribuir com seu bem-estar e autoestima. Com atendimentos semanais, percebemos evolução em seu quadro, além de uma melhor interação social. IMPACTOS: No espaço acadêmico os alunos costumam atender em clínica escola ou hospital visando somente o tratamento da doença, excluindo o contexto em que vive o paciente. Na comunidade, o estudante vai até a casa do paciente e vivencia a realidade, que muitas vezes limita o tratamento e atuação, mas também possibilita que vejamos as suas circunstâncias para que possamos tratá-los a partir de suas possibilidades e visando à integralidade. A experiência neste projeto possibilita, não só a prática acadêmica, mas enxergar a doença num contexto familiar, social e econômico que influencia diretamente em sua evolução. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As variáveis socioeconômicas têm ação direta nas condições de saúde do usuário. A forma que os profissionais e acadêmicos conduzem as demandas, repercutem na inclusão desta população. Para isso, faz-se necessário o conhecimento da realidade social para ter uma compreensão mais ampla da doença, e assim alcançar maior efetividade no tratamento.