AVANÇOS E DESAFIOS NA FORMAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO CAMPO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE - O OLHAR DOS COORDENADORES DE CURSOS

Autores

  • Hellen Reisen de Souza UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
  • Mariane Botelho Ferrari UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
  • Alessandra Oliveira Pedra UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
  • Rochely Silva Panetto Blandino UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
  • Grace Kelly Filgueiras Freitas UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Resumo

INTRODUÇÃO: A formação de Fisioterapeutas no Brasil surge com a criação do primeiro curso técnico na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1929), justificada pela elevada incidência da poliomielite. Em 1983 é criado um novo currículo mínimo que consolida a formação com perfil reabilitador. Em 2002 são instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) que direcionam a formação ao encontro da realidade epidemiológica e do modelo de atenção à saúde. A Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia (ABENFISIO) estabeleceu parâmetros acerca da qualidade dos cursos, dentre os quais apontam que as atividades e intervenções práticas devem ocorrer nos diferentes níveis de complexidade de atenção à saúde, alinhadas aos princípios e diretrizes do SUS; e que a integração serviço-ensino-comunidade deve ser contemplada com atividades multiprofissionais e interdisciplinares. No entanto, estudos apontam a descontextualização dos princípios do SUS e do modelo de atenção à saúde na formação do fisioterapeuta. Em grande parte das instituições ainda predomina o modelo tecnicista, voltado para a reabilitação. OBJETIVO: Conhecer a percepção dos coordenadores dos cursos de fisioterapia sobre a inserção da formação na atenção primária em saœde no estado do Espírito Santo (ES). METODOLOGIA: Estudo qualitativo realizado em duas etapas: análise documental e entrevistas semiestruturadas com coordenadores das Instituições de Ensino Superior (IES) que ofertam cursos de Fisioterapia no ES. Os coordenadores que aceitaram participar da pesquisa foram entrevistados, a partir da questão norteadora: Quais os avanços e desafios para atender às DCNs no que tange à formação do fisioterapeuta para atuar no campo da APS? Utilizamos para análise qualitativa o método de interpretação dos sentidos que busca, no sentido das falas e das ações, compreender o que vai além do descrito e do analisado. RESULTADO: O ES conta com 9 IES que ofertam o curso de fisioterapia, sendo 8 privadas e 1 pública. Identificamos que 5 IES ofertam estágio obrigatório no campo da APS. As categorias que prevaleceram no discurso dos participantes foram: (1) avanços lentos e pouco expressivos como resultados percebidos acerca da atuação do fisioterapeuta na APS; (2) a formação do corpo docente; (3) a falta e/ou fragilidade de políticas públicas que insira a categoria neste nível de atenção; (4) o desconhecimento sobre o papel do fisioterapeuta na APS; (5) a falta de segurança pública e (6) a cultura da sociedade com foco na doença como os principais desafios para a inserção dos estudantes neste cenário de práticas. CONCLUSÃO: A maioria das IES do ES ofertam estágio obrigatório na APS, ainda que sob fortes desafios para promoverem a integração ensino-serviço, uma vez que em muitos municípios, incluindo a capital do Estado, o fisioterapeuta n‹o está inserido na APS. Nossa profissão necessita avançar efetivamente na formulação de políticas que integre o fisioterapeuta na APS, garantindo, além da formação voltada às necessidades de saúde da sociedade, o acesso desta à assistência fisioterapêutica neste nível de atenção.