PESSOAS ACAMADAS SOB O CUIDADO DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO DISTRITO SANITÁRIO NORTE DE CAMPO GRANDE/MS: PREVALÊNCIA, AVALIAÇÃO DO ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE, INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL E SOBRECARGA DOS CUIDADORES

Autores

  • Arthur de Almeida Medeiros Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Mara Lisiane de Moraes dos Santos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Gustavo Christofoletti Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.18310/2358-8306.v4n8.p57

Palavras-chave:

Acesso aos serviços de saúde, Cuidadores, Incapacidade funcional, Pacientes domiciliares, Atenção primária à saúde

Resumo

As modificações dos padrões de morbidade, mortalidade e invalidez tem gerado impactos importantes no cenário atual da saúde, e despertado debates indispensáveis para o cuidado integral de toda população. Esta tese teve por objetivo estudar os usuários acamados assistidos pela estratégia saúde da família e seus principais cuidadores. Trata-se de um estudo transversal de base populacional no qual foram convidados a participar os usuários acamados e seus cuidadores residentes nas regiões urbanas com cobertura da estratégia saúde da família (ESF) no distrito sanitário norte de Campo Grande/MS. Procedeu-se com entrevistas domiciliares onde foi aplicado um instrumento com variáveis clínicas, socioeconômicas e demográficas relacionadas aos usuários acamados e seus cuidadores, além da versão brasileira da escala Burden Interview, para avaliação da sobrecarga dos cuidadores, e da Medida de Independência Funcional (MIF). Para a análise estatística, cujas variáveis atenderam aos critérios de normalidade, foram utilizados os testes de qui-quadrado e ANOVA com pós-teste de Tukey. As variáveis que não apresentaram padrão de normalidade foram analisadas utilizando-se a correlação de Spearman, o teste U de Mann-Whitney e o teste de Kruskal-Wallis com pós-teste de Tukey. Em todas as análises foi admitindo um nível de significância de 5% para distinção da hipótese alternativa em relação à hipótese nula. Os resultados mostram que em relação aos usuários acamados (n=283), a maioria era de mulheres (n=169/59,7%), com disfunção neurológica (n=149/52,7%), nível socioeconômico classe C (n=164/58,0%), que não foram encaminhadas a nenhum serviço de reabilitação (n145/51,2%) e que apresentaram mediana da MIF total de 79 pontos, classificados com dependência modificada – com necessidade de auxílio de até 25% para a realização de suas atividades. Dentre os usuários que foram encaminhados a algum serviço de reabilitação, a fisioterapia foi o que mais recebeu demanda por encaminhamento (n=124/89,8%). Verificou-se, ainda, que a falta de vagas e a dificuldade de locomoção/transporte foram os principais limitadores tanto para o acesso aos serviços de reabilitação quanto para a continuidade dos atendimentos. Quanto aos cuidadores (n=218) identificou-se que a mediana de idade foi de 53 anos, e a maioria foi do sexo feminino (n=190/87,2%), sendo mais frequente as filhas (n=71/32,6%), seguida das mães (n=46/21,1%) e das esposas (n=25/11,5%). Foi observado que os cuidadores apresentavam nível de sobrecarga moderada e que teve associação negativa significativa entre a sobrecarga dos cuidadores e a Medida de Independência Funcional. Os dados apontam para urgente necessidade de (re)estruturação da rede de atenção destinadas aos usuários acamados e de reorganização do processo de trabalho, bem como da necessidade de ampliação do olhar para o reconhecimento das necessidades de saúde dos usuários acamados e de seus cuidadores.

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Publicado

03-06-2018