ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE DOR E NÍVEL DE QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE HANSENÍASE

Autores

  • Jamilly Mirelles Pinheiro UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Resumo

Introdução: A Hanseníase é uma doença infecciosa de lenta evolução e endêmica no Brasil, que figura como segundo colocado em número de novos casos no mundo. A doença é caracterizada por sinais e sintomas dermatoneurológicos decorrentes da preferência do bacilo pela pele e nervos periféricos, com grande potencial de comprometimento das atividades diárias e relações sociais. Embora os tratamentos da neuropatia hansênica apresentem bons resultados, eles são administrados após a manifestação dos sintomas pelo paciente. Novas abordagens terapêuticas preventivas e eficientes devem ser baseadas na identificação de parâmetros clínicos ou antecedentes pessoais com potencial preditivo para futuros episódios de dor neuropática. Objetivo: O objetivo dessa pesquisa é identificar variáveis clínicas, funcionais e demográficas associadas à presença de dor neuropática em pacientes com hanseníase atualmente em tratamento no Programa de Controle da Hanseníase (PCH) do município de Vitória. Metodologia: Foi realizado um estudo do tipo observacional transversal, realizado no município de Vitória/ES com pacientes em tratamento no programa de controle da hanseníase (PCH). Foram incluídos nesta análise preliminar 17 pacientes que iniciaram tratamento no período de julho de 2017 a junho de 2018. As variáveis sociodemográficas foram obtidas pelo prontuário eletrônico dos pacientes, o quadro funcional foi obtido através do exame de prevenção de incapacidade e do questionário SALSA, a qualidade de vida pelo instrumento WHOQOL-bref e a presença de dor neuropática foi determinada através do instrumento DN4. Nesta etapa do estudo apresentamos as principais estatísticas descritivas obtidas após a coleta de dados. Resultados: A maioria dos participantes era do sexo feminino (64,68%); a idade variou entre 22 e 64 anos; a raça parda foi predominante e a maior parte dos indivíduos apresentaram grau de escolaridade inferior a 9 anos de estudo. Dentre os participantes da pesquisa, 10 (58,8%) reportaram dor em alguma região do corpo. Destes, 3 (17,67%) foram classificados com dor neuropática e 7 (41,16%) com dor do tipo nociceptiva. As formas clínicas Dimorfa e Tuberculoide foram as mais prevalentes e embora sejam apresentações clínicas com grande potencial de desenvolvimento de neuropatia periférica, apenas 1 sujeito apresentou grau de incapacidade acima de 0. Os escores do questionário SALSA mostraram que a maioria dos participantes não apresentava limitações de atividade, sem diferenças significativas entre indivíduos com ou sem dor. Os resultados do WHOQOL-bref revelou que pacientes com dor do tipo nociceptiva (e não neuropática) tendem a apresentar piores índices de qualidade de vida, particularmente do domínio físico. Conclusão: A prevalência de dor foi de 58,8%. Os resultados de SALSA revelam que a maioria dos pacientes não apresentam limitações de atividades. WHOQOL-bref mostra o domínio físico como principal acometido. Há prevalência de dor elevada dentre os indivíduos estudados, entretanto, a maioria exibia sintomas do tipo nociceptivo e não neuropático.