AVALIAÇÃO DE FUNCIONALIDADE E INCAPACIDADE DE PUÉRPERAS DE ACORDO COM A REDE DE APOIO

Autores

  • Aline Bernardes Alves UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP
  • Thalita Rodrigues Christovam Pereira UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP
  • Fernanda Flávia Cockell UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP

Resumo

Introdução: O puerpério é o período em ocorre o retorno às condições fisiológicas ao nível pré-gestacional (STRAPASSON; NEDEL, 2010), o início dos desafios do papel materno e da nova formação familiar (ZAGONEL et al., 2006). Acredita-se que o pós-parto aumenta a incapacidade da mulher, sendo sua funcionalidade influenciada pelo tipo de parto, amamentação, o uso de técnicas da criação de vínculo e a rede de apoio disponível (HERNANDEZ, 2016; MIGUEL; ARRANZ, 2014; RONCALLO; SILVEIRA et al., 2013; SILVEIRA et al., 2016). A literatura demonstra que a rede de apoio e o uso de técnicas de vínculo parental (ofurô, shantala, sling, dança e música) são benéficos tanto para o neonato quanto para a mãe (NOROUZI et al., 2013; RONCALLO; MIGUEL; ARRANZ, 2014), porém, não as correlacionam com índices de funcionalidade ou incapacidade. Objetivo: Alguns estudos descrevem a funcionalidade da mulher conforme as condições apresentadas no pós-parto, contudo, não associam às variáveis da assistência como uma barreira ou um facilitador. O objetivo é compreender a relação da funcionalidade de puérperas do Estado de São Paulo com a assistência das redes de apoio e uso de técnicas de vínculo parental. Metodologia: Para investigar a funcionalidade foi utilizada a versão brasileira da Escala de Avaliação de Incapacidades da Organização Mundial de Saúde (Whodas 2.0), enviada via online (Google Forms), juntamente com um questionário de perfil sociodemográfico, questões sobre a rede de apoio e as técnicas parentais para aquelas que aceitarem o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Resultados: ). Até o momento, 237 mães foram incluídas na pesquisa, sendo que 199 (83,97%) eram casadas, 96(40,5%) com ensino superior completo, idade média de 31 anos (±5) e que estiveram entre o puerpério remoto do 10º ao 45º dia após o parto (n=47), tardio do 46º ao 180º dia após o parto (n=85), extensão do puerpério do 181º dia até o 365º do pós-parto (n= 58) e acima de 365 dias (n=38). O escore total WHODAS 2.0 apresentou média de 30 (±16). Entre os domínios, a atividade de vida foi a que apresentou a média maior 47 (±26), ou seja, maior nível de incapacidade, quando comparada aos outros domínios. Se compararmos o tempo de pós-parto e estado civil não foi encontrado diferença significativa do escore total do Whodas 2.0. Em relação à renda familiar, mulheres com renda familiar inferior a R$937 reais apresentaram maior incapacidade com média 34,5 (±25,5%) e com ensino superior incompleto o maior escore 33,2% (±18,1%). O aleitamento materno exclusivo até os seis meses teve média 30,7% (±16,4%) e aleitamento materno conjunto com introdução alimentar após seis meses com média de 31,2% (±16,2%), enquanto mulheres que oferecem apenas a fórmula apresentaram média de 22,5% (±16,4%), apresentando maior funcionalidade. Conclusão: Entre as entrevistadas que podem contar com uma rede de apoio familiar ampliada nas tarefas domésticas a funcionalidade foi maior. As redes de apoio virtuais influenciaram positivamente a funcionalidade percebida pelas entrevistadas e o aleitamento materno influencia negativamente a funcionalidade materna, o que corrobora com a necessidade de ampliar as redes de apoio da mulher que amamenta.