EFEITO DO TEMPO NA REALIZAÇÃO DE CONSULTAS COM FISIOTERAPEUTA E INFLUÊNCIA DA INCAPACIDADE NESSE EFEITO: COORTE DE IDOSOS DE BAMBUÍ

Autores

  • Silvia Lanzziotti Azevedo da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
  • Juliana Vaz de Melo Mambrini UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
  • Maria Fernanda Lima-Costa UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
  • Sérgio Viana Peixoto UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

Resumo

Introdução: O envelhecimento populacional é associado ao aumento da incapacidade entre os idosos. A abordagem do fisioterapeuta, conforme a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), poderia ajudar na manutenção e recuperação da capacidade funcional, sendo isso de fundamental importância para que o idoso se mantenha independente em suas Atividades de Vida Diária e mobilidade. Objetivo: Verificar o efeito do tempo na realização de consultas com fisioterapeuta e avaliar se a incapacidade altera esse efeito, em 15 anos de acompanhamento. Metodologia: A Coorte de Idosos de Bambuí foi conduzida na cidade de Bambuí (MG) e incluiu todos os moradores com 60 anos ou mais em 1997, que foram acompanhados até 2011. A incapacidade foi avaliada pelo auto relato de muita dificuldade" ou "não consegue" para realizar pelo menos uma, entre as atividades consideradas em cada domínio - Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD), Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) e mobilidade. As consultas de fisioterapia foram avaliadas pelo relato da realização destas no último ano. O efeito do tempo na realização de consultas com fisioterapeuta e a influência da incapacidade nesse efeito foram verificados por Modelos de Efeitos Aleatórios, controlados por sexo, idade, nível de escolaridade, auto-percepção de saúde e posse de plano privado de saúde. Adicionalmente, foi considerado, em todas as análises, o ajuste para mortalidade. As análises foram realizadas no pacote estatístico Stata versão 14.0 (Stata Corp LLP, College Station, TX), considerando nível de significância ? = 0,05. Resultados: Na linha de base, a amostra foi composta por 1606 idosos, com média de idade de 68,02 e desvio padrão de ±6,63 anos, 60,09% mulheres. Em relação a incapacidade, 20,25% dos idosos apresentaram incapacidade para ABVD, 26,90% para AIVD e 44,76% para mobilidade, na linha de base. Entre todos os idosos avaliados em 1997, apenas 6,79% relataram ter realizado pelo menos uma consulta com o fisioterapeuta no último ano. A chance de realizar uma consulta com o fisioterapeuta diminui ao longo do tempo (OR=0,80 IC95%0,70-0,91); e a chance de idosos com incapacidade para ABVD (OR= 2,12 IC95% 1,51-2,97), AIVD (OR=1,72 IC95% 1,25-2,37) e mobilidade (OR=2,82 IC95%2,05-3,88) procurarem por este profissional foi maior comparado aos sem incapacidade. Não houve diferença, ao longo de 15 anos, na busca pelo fisioterapeuta entre idosos dependentes e independentes. Conclusão: Ao longo do tempo, os idosos apresentaram menos chance de procurar o fisioterapeuta, e a presença de incapacidade aumentou a chance de busca por este profissional. Entretanto, a interação entre efeito do tempo e incapacidade não foi significativa, indicando que a redução da busca por consultas com fisioterapeuta não foi diferente entre idosos com e sem incapacidade. Este resultado indica que esta redução está relacionada a outros fatores que devem ser investigados, como a disponibilidade do profissional para atendimento dos idosos.