FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: ABORDAGEM NA SAÚDE GESTACIONAL

Autores

  • Gabriela Zambaldi de Lima UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPAC
  • Luana Andrêssa Paiva Neves UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPAC
  • Priscylla L. Knopp Riani UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPAC

Resumo

Introdução: O fortalecimento da atenção primária apresenta um panorama desafiador para a Fisioterapia. Este estudo aborda a atuação do fisioterapeuta neste cenário, com ênfase na saúde gestacional. Objetivo: Identificar alterações relacionadas ao período gestacional que possam nortear a atuação do fisioterapeuta no contexto de atenção primária. Metodologia: Sete gestantes participaram do estudo. Os critérios de inclusão foram: pré-natal regular e gestação no segundo trimestre. Foram excluídas as mulheres com alto risco ou muito alto risco gestacional, assim como as que apresentaram diagnósticos de patologias musculoesqueléticas em fase aguda ou em reabilitação de cronicidade. Realizou-se avaliação fisioterapêutica, biofotogrametria pelo Software SAPO® e aplicou-se a Escala Analógica de Dor, o Questionário Nórdico de Desconfortos Musculoesqueléticos e o Questionário de Qualidade de Vida SF-36. Os dados foram tabulados no Excel 2007 e analisados com estatística descritiva. Resultados: A média de idade foi de 25,28 ± 6,45 anos, gestação entre 20,14 ± 6,36 semanas, seis delas eram primigestas. Os domínios da qualidade de vida mais prejudicados foram (1) limitação por aspecto emocional e (2) dor. Cinco das voluntárias relataram quadros de dor e os locais de maior incidência foram (1) mãos/punhos e (2) região lombar. Observou-se que a dor foi mais intensa a partir do terceiro trimestre, dado compatível com a literatura do campo da obstetrícia e relevante aspecto a ser rastreado no contexto da atenção primária. Na avaliação postural, os principais distúrbios ocorreram nos segmentos de (1) cabeça; (2) ombros; (3) coluna lombar; (4) cristas ilíacas; (5) pelve; (6) joelhos e (7) calcâneo. As alterações lombo-pélvicas coadunam com o quadro de dor que, neste segmento, pode surgir no período gestacional ou pode ser intensificado por ele, em caso de existência prévia de modificações posturais. Essa característica aponta a relevância do fisioterapeuta exercer um cuidado longitudinal que permita o reconhecimento prévio do quadro postural da usuária ou o acompanhamento dessa modificação no puerpério para investigação da necessidade de um acompanhamento particularizado à mulher. As alterações posturais em membros superiores são comuns no último trimestre e abrangem sinais e sintomas como dor, parestesia e fraqueza muscular, estando relacionadas ao aumento da lordose cervical. Essas alterações podem sofrer agravos no pós-parto, considerando a sobrecarga deste segmento devido à amamentação e aos cuidados com o recém-nascido. Conclusão: A Fisioterapia na atenção primária atua desde a identificação até o acompanhamento de desvios posturais durante a gestação, favorecendo o manejo dos quadros dolorosos. Insere-se nas equipes de atenção básica contribuindo também com orientações acerca do esquema e imagens corporais, assim como com os cuidados ao recém-nascido e na amamentação. O declínio dos aspectos emocionais indica a potencialidade de se formar grupos de gestantes que promovam o acolhimento das mulheres, objetivando fortalecer as redes de apoio local, minimizar dúvidas e compartilhar experiências e angústias.