INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE FISIOTERAPEUTA NA EQUIPE DO NASF NO NÚMERO DE ENCAMINHAMENTOS E TEMPO DE ESPERA PARA REALIZAÇÃO DE FISIOTERAPIA EM SERVIÇO ESPECIALIZADO

Autores

  • Silvia Lanziotti Azevedo da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
  • Alcindo Antônio Ferla UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
  • Juleimar Soares Coelho de Amorim UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

Resumo

Introdução: A inserção da fisioterapia no Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) tem como objetivo incluir este profissional na Atenção Básica (AB), aumentado o acesso da população a ações de prevenção e promoção de saúde, além de reabilitação. Neste cenário, as ações do fisioterapeuta envolvem o apoio matricial, a clínica ampliada, trabalho colaborativo e a formulação/condução do Projeto Terapêutico Singular. Também a reabilitação, quando há demanda, garantindo a resolutividade na organização do serviço neste nível de atenção, e o cuidado na rede existente no território, otimizando o uso da rede especializada e evitando encaminhamentos desnecessários. Objetivo: Verificar a associação entre a presença do fisioterapeuta na equipe do NASF, o número de encaminhamentos para o serviço especializado e o tempo de espera para realização do tratamento, quando encaminhado. Metodologia: Estudo seccional com dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica no Brasil (PMAQ-AB), entre 29.778 unidades de saúde que aderiram à avaliação, participaram do 2º ciclo de entrevistas e possuem dados completos na base nacional. Foi utilizado o bloco de avaliação das unidades de saúde, preenchido pelos profissionais e a variável desfecho foi o encaminhamento para a fisioterapia especializada. Entre aquelas unidades que encaminharam usuários, excluindo aquelas que relataram não haver serviço especializado na rede local, foi analisado o tempo médio estimado, em dias, para o acesso. A presença do fisioterapeuta foi avaliada pelo relato do profissional que respondeu o instrumento. A comparação do percentual de encaminhamentos entre equipes que tem e que não fisioterapeuta foi feita pelo Teste Qui-Quadrado e a média de tempo de espera foi comparada entre equipes que tinham ou não presença do fisioterapeuta no NASF pelo teste T Student, para cada uma das cinco regiões do Brasil. As análises foram realizadas no pacote estatístico Stata versão 14.0 (Stata Corp LLP, College Station, TX), considerando nível de significância ?=0,05. Resultados: Foram avaliadas 15.643 (52,5%) Unidades Básicas Saúde da Família em todo o Brasil, que relataram ter, dentro da rede local, este profissional no serviço especializado que possibilitasse o encaminhamento. As regiões Sudeste e Nordeste concentraram a maioria das unidades, e, em todas as regiões, o fisioterapeuta está inserido em mais de 80% das equipes de NASF. O percentual de encaminhamentos total foi maior entre as equipes com fisioterapeuta (96,1%), entretanto tal diferença foi significativa somente na região Nordeste (p=0,044). Em relação ao tempo de espera, a presença do fisioterapeuta no NASF reduziu em média 13 dias o tempo estimado de espera pelo atendimento especializado (p=0,000), contudo, na região Sul este aumentou 7,5 dias entre os usuários encaminhados por equipes que tinham este profissional (p=0,016). Conclusão: O fisioterapeuta tem participação relevante no apoio à atenção básica. Sua atuação no NASF não absorve a demanda por reabilitação, que acaba sendo encaminhada para o nível especializado. Talvez a abordagem deste profissional na AB seja capaz de direcionar melhor o encaminhamento e, com isso, reduzir o tempo espera, impactando na melhor coordenação do cuidado do usuário na Rede.