A COZINHA E O MOVIMENTO EM EQUILÍBRIO: VIVÊNCIAS, PERCEPÇÕES CORPORAIS E COMITÊ DE ERGONOMIA

Autores

  • Fernanda Flávia Cockell UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP
  • Mariana Chaves Aveiro UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP
  • Alessandra Peixoto Diniz UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP
  • Aline Bernardes Alves UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP

Resumo

Introdução: O estágio de Fisioterapia em Saúde do Trabalhador da Unifesp acontece há cinco anos no Departamento de Gestão de Pessoas da Prefeitura Municipal de Santos (PMS). A saúde e segurança dos servidores das cozinhas escolares demandam estudos para avaliar a incapacidade e funcionalidade, pois os dados são restritos a doença e ao tempo de afastamento. O trabalho nas cozinhas apresenta atividades de manipulação manual intensa na preparação do alimento, transporte de insumos, além do cuidado e higienização da cozinha. Essas tarefas acompanham movimentos repetitivos, manutenção de postura estática e carregamento de pesos (CASAROTTO & MENDES, 2003;Alencar, Cavalcanti e Montrezor, 2013). Objetivo: A pesquisa tinha um duplo objetivo, avaliar a funcionalidade das cozinheiras da PMS e propor ações de intervenção através da formação continuada da equipe do serviço, buscando capacitar multiplicadores, fortalecendo a parceria ensino-serviço. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal quantitativo, formado por cozinheiros da PMS, de ambos os sexos. Do total em exercício (n=436), participaram do estudo 333 servidores, de ambos os sexos. Para as avaliações foram utilizados dois questionários: Nórdico e HAQ. Foi utilizado o teste estatístico t-Student não pareado, resultado significativo quando p<0,05. Resultados: Os Distúrbios Musculoesqueléticos (DME's) representaram 36,04% das causas de afastamentos entre os cozinheiros em 2016 , com 4844 dias não trabalhados. Dos 333 servidores, 20,2% apresentaram incapacidade moderada" segundo o HAQ. O nórdico demonstrou que a coluna lombar é a estrutura mais comprometida, sendo que 62,2% foram impedidos nos últimos 12 meses de realizar atividades. Cada grupo de estagiários de fisioterapia da Unifesp realizam um bloco da capacitação teórica quinzenal e prática nas cozinhas, sob supervisão docente, vivenciando na graduação a educação em saúde e a gestão em saúde do trabalhador. Foram desenvolvidas habilidades para avaliar nas escolas da SEDUC as cargas de trabalho nas cozinhas (físicas, cognitivas e psíquicas), acompanhar e realizar as avaliações ergonômicas seguindo as etapas de análise da demanda, análise da tarefa/atividade, diagnóstico, recomendações e estabelecimento de metas e prioridades. Conclusão: As ações de promoção a saúde e prevenção de doenças devem ser pautadas nas incapacidades encontradas, incluindo limitações de atividade e de restrições na participação social. Os achados levaram a formação de um curso de 100 horas em Ergonomia, para capacitar 14 servidores da PMS, como parte das ações do estágio em Fisioterapia do Trabalho em 2017. O comitê interno avalia, acompanha, interage e busca soluções para os problemas ergonômicos existentes nas cozinhas, sendo multiplicador. O comitê passou a ser multiplicador da proposta em 2018, contando ainda com o apoio da equipe de Fisioterapia da Unifesp até que tenha autonomia para realizar os Laudos Técnicos Ergonômicos.