BIOÉTICA E A FORMAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA: UM DESAFIO REAL

Autores

  • Laura Bellinassi Passos UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
  • Luciana Castilho de Figueiredo UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Resumo

Introdução: A formação dos profissionais de fisioterapia é pautada em uma matriz curricular que envolve a formação tecnicista sugerindo uma carência importante quanto aos princípios da bioética. Autores sugerem que existe uma necessidade de revisão da formação curricular que acompanhe o avanço da disseminação dos conceitos de bioética gerando subsídios para lidar com situações que envolvem conflitos durante a atuação profissional, especialmente a terminalidade. Objetivo: Analisar a formação do fisioterapeuta em relação a contextualização da bioética. Metodologia: Revisão de literatura Resultados: Segundo Potter, 1971 a bioética é um campo interdisciplinar de conhecimento direcionada a garantir a sobrevivência da humanidade frente aos riscos causados por ações humanas e por desordens naturais. É considerada fator determinante no campo de discussões públicas sobre conflitos éticos envolvendo as ciências biomédicas e as práticas clínica. Neste contexto, em 1978, o primeiro código de ética para fisioterapeutas foi publicado com os objetivos de regular as relações entre profissionais da mesma categoria, bem como este profissional e a sociedade; solucionar conflitos éticos e embasar o julgamento moral na tomada de decisão. Porém, autores sugerem que o mesmo não cumpria totalmente os objetivos propostos. Estudos atribuíram este fato a limitações no conteúdo do documento e falhas quanto ao eixo da formação social e humanas proposto nas diretrizes curriculares do curso de fisioterapia. Discussões pautadas nos pilares da bioética, beneficência, não maleficência, autonomia e justiça, foram iniciadas. Neste período até a atualidade, ocorreram várias reflexões sobre os limites do conhecimento e como usá-los para o bem social. Em 2013 o código de ética da fisioterapia foi submetido a uma revisão para nortear os conflitos e julgamento moral além de incorporar os princípios da bioética, tendo em vista todo avanço já refletido em outras categorias profissionais da saúde. Uma nova versão textual foi proposta, porém ainda com predomínio da abordagem deontológica, sobrepondo a bioética. Mesmo após a revisão, o código de ética para fisioterapeutas apresenta fragilidades que envolvem questões bioéticas podendo ser atribuídas a formação pedagógica pautada nas Diretrizes Curriculares de 2002 que favorece a aquisição do conhecimento e habilidades de forma cartesianas, com uma visão tecnicista, com somente 15% da carga horária total do curso voltada para o eixo de ciências sociais e humanas. Isto sugere que a formação acadêmica do fisioterapeuta não está em equilíbrio com as várias dimensões do ser humano o que pode estar diretamente ligado a dificuldade dos profissionais em lidar conflitos bioéticos, principalmente para aqueles que atuam em terapia intensiva na fase final de vida. O desafio real pode estar relacionado a uma proposta efetiva de revisão das diretrizes curriculares do curso de fisioterapia e envolvimento de princípios bioéticos no código de ética profissional. Conclusão: Os achados de literatura sugerem que a formação do fisioterapeuta não contempla de forma plena os princípios da bioética nas diretrizes curriculares assim como no código de ética principalmente nas questões relacionadas aos conflitos em terapia intensiva e terminalidade. O fisioterapeuta atua neste contexto em busca da obstinação terapêutica, distanásia, e não está preparado para o tratamento em linha de cuidado e ortotanásia.