A CONSTRUÇÃO DO CUIDAR NA FORMAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA: APROXIMANDO PROFISSIONAL E PACIENTE COMO PROTAGONISTAS DE UM CUIDADO EMPODERADOR APÓS CÂNCER DE MAMA

Autores

  • Clarice Silva de Santana INSTITUTO OSWALDO CRUZ/FIOCRUZ
  • Claudia Teresa Vieira Souza INSTITUTO OSWALDO CRUZ/FIOCRUZ

Resumo

Introdução: A mastectomia é uma cirurgia agressiva e mutiladora que impacta na qualidade de vida da mulher diagnosticada com câncer (Ca) de mama. O fornecimento de informações sobre a cirurgia e suas consequências facilita a adaptação da mulher às novas condições e a torna participante na sua recuperação cirúrgica. A falta ou imprecisão nas orientações pode favorecer a ocorrência de complicações no pós-operatório e influenciar negativamente sua recuperação funcional. Pacientes envolvidos, bem informados e empoderados conseguem produzir saúde juntamente com os profissionais, conseguem realizar ações de promoção da saúde capazes de gerar resultados positivos para ambos. Assim, é importante propor a aproximação de paciente e fisioterapeuta na construção de um cuidado empoderador adaptado à realidade de vida daqueles que são impactados por este processo educativo. Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo promover a construção compartilhada de conhecimento favorecendo o cuidado empoderador de mulheres que vivenciaram o Ca de mama. Metodologia: Este estudo ocorreu no ambulatório de fisioterapia em mastologia oncológica da Policlínica Geral de Nova Iguaçu e foi elaborado a partir da verbalização das pacientes, do desejo de compreender temas relacionados ao Ca de mama. Identificamos a importância do papel da paciente no processo de reabilitação pós-mastectomia e na construção do seu conhecimento acerca da patologia que foi acometida. Como estratégia para a construção compartilhada de conhecimento com vistas a promover o cuidado empoderador, articulamos cuidado e aprendizagem, utilizando o Arco de Maguerez (Metodologia da Problematização) e a oficina educativa dialógica, baseada em Paulo Freire, denominada Oficina Educativa Problematizadora (OEP). Foram realizadas 4 OEP's com a participação média de 25 mulheres entre 35 a 70 anos, com diagnóstico de Ca de mama. Foram produzidos materiais educativos específicos para as OEP's como facilitador da educação em saúde. Resultados: As OEP's oportunizaram que as mulheres construíssem um conhecimento junto aos profissionais de saúde em relação aos temas que permeiam seu cotidiano. Favoreceram o compartilhamento de dúvidas e questionamentos, além de fortalecer o vínculo entre fisioterapeuta e paciente. Ao favorecer a construção compartilhada de conhecimento, contribuímos para a melhoria da qualidade de vida destas mulheres e promovemos a construção de um CE que permite a compreensão, por parte delas, de informações que buscam promover mudanças de comportamentos de risco. Oferecemos a oportunidade do encontro, o acesso ao conhecimento, o fortalecimento de vínculo e a corresponsabilidade na produção da saúde, conquistas que subsidiaram a construção de um cuidado empoderador, para que essa mulher seja protagonista da sua vida, reconstruindo o seu viver. Conclusão: O que este estudo deixa como contribuição para o campo do ensino em fisioterapia é a importância de fomentar no currículo acadêmico a educação em saúde problematizadora e incentivar que esta estratégia possa ser compartilhada e utilizada nas ações de promoção de saúde entre pacientes e fisioterapeutas. Diante disto, é importante que o fisioterapeuta tenha em sua formação profissional um olhar ampliado de saúde, um cuidado além do fator biomédico, uma atuação que promova saúde e qualidade de vida e que veja o paciente como parte integrante do processo de reabilitação.