MÃE E MICROCEFALIA: O VERSO E AVERSO DE CUIDAR

Autores

  • Francisca Rêgo Oliveira de Araújo EAD
  • Alba Cristina Cascudo Alves EAD
  • Marinalda de Queiroz Nascimento EAD
  • Rosangela de Menezes Cortes EAD
  • Rosilândia Donato Silva Barbalho EAD
  • Sâmara Sirdênia Duarte de Rosário Belmiro EAD
  • Susany Alves de Oliveira EAD
  • Tazia Maria Cortes Dantas EAD

Resumo

Introdução: A microcefalia se apresenta como uma disfunção de cunho neurológico, com déficits e limitações diversas e distintas, dada a gravidade e extensão da lesão cerebral, multicausal, sem cura. A epidemia de Zika, que assolou o Brasil nos últimos anos, não foi diferente no Rio Grande do Norte e culminando com vários casos e suas consequências. O presente relato, objetivou descrever uma experiência vivenciada pelo NASF sobre a formação e condução do Grupo de apoio às nove mães de crianças com microcefalia residentes na área de abrangência do Distrito Sanitário Oeste - DSO, Natal/RN. Descrição: A iniciativa nasceu da provocação das mães de crianças com microcefalia às profissionais do NASF Nazaré, relatando suas invisibilidades e a falta de apoio as mesmas, em visitas de reconhecimento, avaliação e acolhimento dos nove casos notificados, no DSO. Motivadas pela reivindicação pertinente e justa, profissionais sensíveis, mãos e mentes trabalharam na perspectiva de materializar um primeiro encontro, em um espaço de escuta e de cuidado para mães que cuidam. A equipe NASF elaborou o convite para o primeiro encontro que aconteceu em duas horas, com uma única mãe. Utilizou-se a metodologia de dinâmica de acolhimento seguido por roda de conversa e café com prosa, que norteou os demais encontros. Ao termino, percebeu-se que seria necessária uma atividade paralela para as crianças, uma vez que a mãe levou seu filho porque não tinha com quem deixar. O segundo encontro aconteceu com seis mãe e seus filhos, com a mesma metodologia e muita escuta. Os oito encontros seguintes foram marcados por maior participação das mães, seus filhos, familiares e pela ampliação da equipe de trabalho, com profissional do DSO, estudantes de fisioterapia. E assim, durante um ano, aconteceram momentos especializados da psicologia, assistência social, atividades corporais/funcionais, embelezamento, fotos e de educação em saúde. Impactos: Pensar atividades para mães de crianças com microcefalia implica pensar também atividades para seus filhos, uma vez que são dependentes dos cuidados das mesmas. Assim, evidenciou-se que os profissionais de saúde precisam ser mais escuta e que sua oferta de serviço esteja vinculada a real necessidade de mãe e filho. Da mesma forma, que o saber e fazer especializado deve ser ofertado harmonizando pesquisa, serviço e realidade psicossocial e funcional. Considerações: Após um ano de atividades, considera-se que há desejo por esse espaço e por essa oportunidade de cuidados às mães. Ao mesmo tempo, revelou-se uma necessidade de maior adesão e prioridade para os encontros, face a dificuldade de acesso e acessibilidade ao local, seja pela ausência de transporte sanitário ou pela fragilidade na rede de assistência às crianças com microcefalia, além das demandas e necessidades de saúde apresentadas pelas mesmas. Por fim, a equipe NASF se mostrou forte aliada e facilitadora para esse cuidado.