VALORIZAÇÃO DO CONTEXTO SOCIOCULTURAL NA CRIAÇÃO DO VÍNCULO ENTRE UMA MULHER COM HPV E UM SERVIÇO DE SAÚDE

Autores

  • Isadora dos Reis Martins ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM
  • Julyene de Souza Soares ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM
  • Johann Peter Amaral Santos ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM
  • Thais Kellen Ribeiro da Silva ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM
  • Henriqueta Tereza do Sacramento ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM
  • Gracielle Pampolim ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM
  • Luciana Carrupt Machado Sogame ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM

Resumo

Introdução: O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), desenvolvido em 1984 pelo Ministério da Saúde, propõe o cuidado em todo o ciclo de vida feminino e a valorização do contexto sociocultural no qual a paciente se insere, de forma a conhecer e atender suas necessidades mais abrangentes, propiciando a criação do vínculo entre a mulher e o serviço de saúde. Nesse contexto, insere-se a infecção pelo HPV que, ainda nos dias atuais, preocupa a saúde pública, por constituir o principal fator de risco para o câncer do colo uterino. A detecção por meio do exame citopatológico de Papanicolau possibilita a identificação de lesões precursoras e o diagnóstico precoce da doença. Descrição: Durante o componente prático do módulo de Medicina e Comunidade III foram realizadas três visitas a uma paciente adscrita à uma Unidade Básica de Saúde de Vitória - ES. Tendo em vista uma infecção previa pelo HPV, investigou-se a experiência da paciente com a doença e, posteriormente, levantaram-se informações sobre seu acompanhamento, através do prontuário eletrônico. A paciente recebeu o diagnóstico da infecção em 2007, mas recusou-se a aderir a qualquer linha de cuidado. Apenas em 2015, em virtude da gravidez de seu último filho, iniciou o acompanhamento em uma Unidade Básica de Saúde, porém não àquela que sua família está vinculada, por dificuldade de relacionamento. Iniciou um acompanhamento distanciado, com faltas à inúmeras consultas e desinteresse pela realização e apresentação do exame preventivo. Em janeiro de 2016, as lesões chegaram à neoplasia intraepitelial cervical de grau 3. A despeito das dificuldades encontradas, o esclarecimento da importância da patologia e do exame como ferramenta de prevenção ao câncer, aproximaram-na do serviço em meados de 2017, de modo que tem participado mais efetivamente de seu próprio cuidado. Impactos: Apesar de as Unidades de Saúde serem a porta de entrada do sistema, a aproximação das usuárias e a criação do vínculo ainda são frágeis, o que pode trazer graves consequências ao próprio sistema, tratando-se de um problema tão evidente como o HPV. É preciso enxergar, desde o acolhimento, as dificuldades que afastam a paciente do serviço, os mitos e medos que carrega sobre sua condição de saúde. Dessa forma, o distanciamento da paciente pode ser visto de duas formas: a primeira decorrente do difícil relacionamento com o serviço de saúde e a segunda pela distância física do local em que reside para o local em que, por sentir-se melhor acolhida, realiza o acompanhamento. Seria possível, portanto, que ambas fossem diminuídas ou inexistentes, caso o vínculo com sua Unidade de Saúde fosse estabelecido. Considerações: Apenas a dimensão técnica da saúde da mulher é insuficiente para que se estabeleça uma linha de cuidado adequada. Antes, faz-se necessário contemplar a dimensão subjetiva, para que o vínculo seja estabelecido e o PAISM tenha efetividade prática. Dessa forma, reduzem-se os medos e mitos, e a consciência dos benefícios da prevenção, como a execução do exame de Papanicolau, é capaz de conferir êxito ao acompanhamento das pacientes