ATENÇÃO PRIMÁRIA Á SAÚDE - PERCURSOS DA ARTICULAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - SP

Autores

  • Flávia Rúpolo Berach UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
  • Anice dos Campos Pássaro UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
  • Paulo Henrique dos Santos Mota UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
  • Ana Carolina Basso Schmitt UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Resumo

Introdução: Historicamente orientado para a formação de fisioterapeutas voltados a atuação em ambiente ambulatorial e hospitalar, o Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo passou por reorganização curricular em 2013, sendo a última atualização do Projeto Político Pedagógico (PPP) em 2017. Tal ação ocorreu devido à necessidade de ampliar a formação na Atenção Primária à Saúde (APS), conforme diretrizes curriculares nacionais da fisioterapia e a necessidade de adequação da formação do fisioterapeuta na perspectiva da integralidade do cuidado no sistema de saúde brasileiro. A atual organização da grade curricular prevê que os estudantes entrem gradativamente em contato com a APS durante o primeiro, terceiro, quarto e quinto ano, chegando a experimentação da prática profissional.Atualmente compõe o PPP, direta ou indiretamente, quinze disciplinas relacionadas à APS, sendo três delas inteiramente práticas, concentradas nos dois últimos anos da formação. Para sua realização estabeleceu-se pactuação entre a instituição e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), visando articular os estágios e as práticas dos profissionais da rede, selecionando obrigatoriamente serviços que possuam fisioterapeutas. Descrição: As disciplinas práticas ocorrem a partir do quarto ano do Curso de Fisioterapia e são realizadas de forma longitudinal: os grupos de alunos são inseridos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), realizam o reconhecimento do território, da dinâmica de trabalho, dos profissionais e equipes, da população atendida e da organização dos serviços, elaborando assim um diagnóstico situacional. A partir dele os grupos elaboram um planejamento de ações, o discutem com os gestores e profissionais das UBS e, após pactuação, realizam as ações no semestre seguinte. Os supervisores da universidade estão in loco em 100% das práticas e realizam preparação do campo com os gestores e profissionais das unidades. As ações elaboradas incluem a realização de atendimentos específicos e compartilhados, visitas domiciliares, grupos, matriciamento e discussão de casos, inserção dos estudantes nas equipes de saúde e articulação com a rede de saúde e intersetorial, com base nas atribuições do fisioterapeuta que atua na APS. Impactos: Tal experiência contribui para um maior reconhecimento da APS como campo de atuação do fisioterapeuta dentro da instituição. A elaboração de propostas de intervenção nas UBS propiciam aos estudantes a experiência de refletir e elaborar estratégias de cuidado com base nas demandas e necessidades da população e dos serviços, buscando garantir acesso e resolutividade. Tal atividade muito se assemelha ao processo de trabalho dos fisioterapeutas, tendo em vista o desenvolvimento de ferramentas para a gestão da clínica e do cuidado, fundamentais na prática profissional. A articulação das ações oferecidas pelas equipes de saúde, colaboram para o desenvolvimento de uma postura profissional ética, do trabalho em equipe, da aplicação dos conceitos teóricos e das habilidades técnicas específicas e compartilhadas. Considerações: A reorganização da grade curricular no campo da APS favorece a discussão sobre este campo de atuação do fisioterapeuta. Também amplia o olhar para a articulação entre os níveis de atenção, trazendo repercussões institucionais relevantes.