CONCEPÇÕES ACADÊMICAS E TRADICIONAIS DE SAÚDE: A COMPLEMENTARIDADE APRENDIDA A PARTIR DA CRIAÇÃO DE UM DOCUMENTÁRIO NA TRIBO WASSU COCAL

Autores

  • Deborah Silva Vasconcelos dos Santos UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS - UNCISAL
  • Clara Maria de Araujo Silva UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS - UNCISAL
  • Jarbas de Goes Nunes UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS - UNCISAL

Resumo

Introdução: Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) o conceito de saúde deixou de ter uma base biologicista e passou a ser ampla, considerando tanto aspectos orgânicos quanto sociais e culturais na produção de saúde. Isso trouxe um desafio para a formação em saúde no SUS, na superação do reducionismo biologicista e na consideração de dimensões sócio-políticas-culturais, como no cenário das políticas afirmativas em saúde, tal qual a população indígena. O desafio é como introduzir o profissional unindo conhecimento técnico e respeito a individualidade do indivíduo, num contexto tão distante da sua realidade. Neste sentido, a experiência a ser relatada se deu a partir do desenvolvimento de uma disciplina que trata da saúde de populações especificas. Descrição: A experiência foi vivenciada na aldeia Wassu Cocal, etnia indígena localizada na cidade de Joaquim Gomes, em Alagoas. Os acadêmicos, que ficaram alojados na casa do pajé da aldeia, realizaram essa viagem junto ao professor da disciplina Ética e Alteridade, com o objetivo de criar um documentário sobre essa comunidade para a composição da nota dessa disciplina. A data foi escolhida propositalmente, em meio a celebração do dia de Nossa Senhora da Conceição, festa tradicional da aldeia. Durante a celebração, que consiste na subida a um dos sete pontos sagrados da aldeia e uma missa seguida de festa, os estudantes puderam participar das celebrações e entrevistar as principais lideranças da aldeia. Os acadêmicos puderam aprender sobre a cultura, religião e saúde dessa população a partir da observação e participação de algumas celebrações e debates e construção do documentário. Impactos: A vivência possibilitou reflexões sobre a concepção de saúde indígena e ponderar a importância que aspectos da natureza e da coletividade têm sobre o bem estar dessa população. A experiência foi importante para entender de forma prática que o profissional da saúde deve acolher as principais demandas da população trabalhada, em seu contexto próprio de construção de sentido sobre o processo saúde doença. Observar a importância que o pajé possui sobre a questão da saúde na comunidade foi importante para os acadêmicos entenderem que o profissional de saúde ao atuar numa aldeia deve criar vínculos com a população e respeitar o papel dos líderes religiosos do local. O documentário foi produzido e apresentado junto a Universidade Estadual de Saúde de Alagoas e debatido junto à comunidade acadêmica. Considerações: Vivências como essa, em que os acadêmicos se aproximam das comunidades, são importante para o desenvolvimento humanístico e crítico dos estudantes e servem de estímulo para os mesmos estudarem sobre as particularidades de comunidades, seja ela indígena ou não. É importante que as grades curriculares proporcionem experiências que promovam a aproximação da universidade e da comunidade, a fim de preparar o profissional para a realidade do SUS.