IMPACTO DO VER-SUS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DO FISIOTERAPEUTA

Autores

  • Natália Ferraz Mello Centro Universitário Franciscano
  • Cid Gonzaga Gomes Centro Universitário Franciscano

Resumo

INTRODUÇÃO: A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu frente à mobilização da população e de um processo social que buscava interferir nas condições de saúde e na assistência prestada aos brasileiros, mudando a forma de gestão, participação social e concepção de saúde. Assim, o processo de formação de recursos humanos em saúde passa a ser concebido como indispensável para transformar as práticas sanitárias prevalecentes. Tradicionalmente, a Academia Brasileira caracteriza-se pela pedagogia autoritária de transmissão e acúmulo de conteúdos com excesso de carga horária, sem estimulo a autonomia do acadêmico e protagonismo em sua formação. Nessa perspectiva, surge a demanda da participação dos estudantes em movimentos de luta a favor do SUS, em prol de uma formação mais condizente com a realidade social e da inserção dos futuros profissionais nos espaços de produção de saúde. Assim iniciou-se em 2002, o VER-SUS - Vivências e Estágios na Realidade do SUS, tratando-se de uma atividade de educação permanente em saúde que propicia aos acadêmicos de diversos cursos de graduação experimentar espaços de aprendizagem no SUS, vivenciando o cotidiano do trabalho nas organizações, redes e sistemas de saúde. Nesse contexto, inseriram-se diversos acadêmicos do curso de fisioterapia, imbuídos em vivenciar o SUS, uma área de atuação ainda pouco explorada por esse profissional. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O VER-SUS tem duração média de 10 dias, caracterizando-se pela imersão dos acadêmicos no SUS, vivência no cotidiano de trabalho, nos níveis de atenção, gestão em saúde, relação com o controle social, participação popular, movimentos sociais e escola formadora. A partir das vivências são fomentadas discussões visando uma formação em saúde adequada as necessidades sanitárias e sociais locais, com intuito de contribuir com a construção e reconstrução permanente do SUS, propiciando aos estudantes a experimentação de um novo espaço de ensino-aprendizagem, contato com cotidiano de trabalho das organizações de redes e sistemas de saúde, através de metodologias problematizadoras, potencializando a formação de atores realmente comprometidos com a saúde coletiva. IMPACTOS: Durante a vivência pode-se observar que as condutas de promoção, educação e prevenção em saúde são campos de prática ainda pouco explorados pelos fisioterapeutas e são desconhecidas, na maioria das vezes, pelos usuários, o que pode ser justificado pela frequente associação da fisioterapia a práticas curativas. Todavia, as Diretrizes Curriculares Nacionais destacam que a formação do fisioterapeuta deve contemplar as necessidades sociais da saúde, com ênfase no SUS. Contudo, muitas vezes as grades curriculares vigentes não contemplam essa premissa. O contato com o cotidiano e as equipes multidisciplinares vivenciados, promovem aprendizagens significativas, trazendo à tona reflexões sobre a formação acadêmica e o papel político dos estudantes nos processos de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir do VER-SUS evidencia-se as mudanças ocorridas no cenário nacional, tornando essencial a adequação da formação do fisioterapeuta, bem como de sua atuação diante das novas exigências do modelo de saúde. Além dos estágios de vivência, a academia deve instigar os alunos a ter uma visão integral, além de uma compreensão crítica e reflexiva das práticas de saúde, aproximando o processo de formação às necessidades da sociedade.