AS REPERCUSSÕES DA DANÇA DO VENTRE NA AUTOESTIMA DE MULHERES OBESAS AUTODECLARADAS ATRAVÉS DA RESSIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL

Autores

  • Marcele Castro Nascente UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
  • Patricia Martins UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
  • Mauro Antônio Félix UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

Resumo

Introdução: A obesidade caracteriza-se por adiposidade corporal excessiva. Ocorre através de um equilíbrio energético positivo, em que o organismo recebe mais energia do que utiliza. A partir de 1970, tornou-se epidemia de saúde pública mundial, quando passou a acometer indistintamente toda a população de países desenvolvidos e em desenvolvimento, preocupando a comunidade mundial. No entanto, as mais afetadas, no Brasil e no mundo, são as mulheres, que sofrem com a pressão cultural do mito da beleza definida por um corpo magro, resultando em distorção da imagem corporal e baixa autoestima. Objetivo: Investigar as repercussões da dança do ventre na autoestima de mulheres obesas praticantes desta dança, a partir da ressignificação de sua imagem corporal. Metodologia: Este é um estudo observacional exploratório do tipo de casos, de cunho etnográfico. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram entrevista semiestruturada e observação participante. Realizou-se inicialmente a observação participante nos locais de prática da dança frequentados pelas participantes deste estudo, seguida das entrevistas, realizadas individualmente. As entrevistas foram gravadas com autorização prévia, posteriormente transcritas e os dados coletados foram interpretados conforme a análise de conteúdo de Bardin. Resultado: Participaram do estudo 10 mulheres entre 25 e 62 anos, alunas de três escolas particulares de dança localizadas em Porto Alegre, com tempo de prática entre 2 meses e 15 anos. Os dados construídos a partir dos relatos das participantes foram divididos em três categorias temáticas: 1) Obesidade, Beleza e Imagem corporal, 2) A prática da Dança do Ventre e 3) Dança do Ventre, Imagem Corporal e Autoestima. Constatou-se que o padrão sociocultural de beleza leva as mulheres à rejeição da imagem do próprio corpo obeso, que repercute em isolamento social e baixa autoestima. No entanto, a dança do ventre por intermédio de sua estética própria de movimento e seus elementos externos, como figurino, maquiagem e convívio social, bem como os elementos internos, como melhora da postura e da consciência corporal, do condicionamento físico e do desempenho funcional, entre outros, apresenta-se como importante recurso terapêutico, oportunizando o reencontro das praticantes consigo e com o próprio corpo, o autoconhecimento e a auto aceitação, resgate da feminilidade e da autoestima. Conclusão: Percebeu-se neste estudo que a rejeição à imagem do próprio corpo obeso conduz as mulheres a comportamentos compulsivos e de risco à saúde na busca pelo corpo magro considerado socialmente belo e aceitável, que sustenta a indústria da beleza. Em contrapartida, ao oportunizar a ressignificação da imagem corporal destas mulheres através de seus elementos inatos, a dança do ventre mostra-se como atividade terapêutica relevante, pois aborda a saúde das praticantes de modo integral, sendo este o objetivo da visão de integralidade da fisioterapia. Sugerem-se novos estudos contemplando a população feminina, para investigação da relação de reciprocidade entre o resgate da autoestima intermediado pela dança do ventre e a melhora da funcionalidade desta população.

Publicado

26-09-2019