POUCA FORMAÇÃO E MUITA REABILITAÇÃO: A REALIDADE DOS NÚCLEOS DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores

  • Mara Lisiane de Moraes Santos UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
  • Janainny Magalhães Fernandes UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
  • Talita Abi Rios UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

Resumo

INTRODUÇÃO: Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados em 2008 com o objetivo de aumentar a resolutividade das ações da Estratégia de Saúde da Família, e representam a primeira aproximação formal de muitas categorias de profissionais da saúde com a Estratégia de Saúde da Família, inclusive da fisioterapia. A proposta do processo de trabalho do NASF é o trabalho em equipe pautado na clínica ampliada, empregando ferramentas específicas como o apoio matricial, o projeto terapêutico singular, o projeto de saúde do território e a pactuação de apoio. Como é uma política pública recente, faz-se necessário estudar o processo de trabalho dos profissionais do NASF no cotidiano das equipes de ESF. OBJETIVOS: Analisar o processo de trabalho dos fisioterapeutas nos NASF de Mato Grosso do Sul (MS), bem como a utilização de ferramentas tecnológicas do NASF e os aspectos relativos à formação destes profissionais para o trabalho no NASF. METODOLOGIA: Estudo transversal, descritivo analítico, com aplicação de questionário on-line semiestruturado enviado a pelo menos 1 fisioterapeuta de cada município com NASF em MS. Os resultados foram analisados por meio da estatística descritiva e pelo teste qui-quadrado, considerando nível de significância de 5%. RESULTADOS: Participaram 37 fisioterapeutas de 21 cidades, os quais representam 63,6% dos municípios com fisioterapeutas no NASF no estado. Entre os respondentes, 27% possuem especialização em Saúde da Família/Atenção Primária à Saúde, e 51,4% em áreas clínicas da fisioterapia e saúde. Quase a totalidade (91,9%) não recebeu capacitação ao ingressar no NASF, e 94,6% consideram que não possuíam conhecimento suficiente para realizar suas atividades. A articulação NASF e equipe de Estratégia de Saúde da Família é considerada insatisfatória para 51,3%. A reabilitação individual é a atividade mais realizada diariamente por 59,5%, e as ferramentas do NASF são utilizadas no processo de trabalho por menos da metade dos entrevistados, exceto a Clínica Ampliada, que é realizada por 54,1% dos fisioterapeutas. Houve associação significativa entre a capacitação para o trabalho no NASF e a utilização das ferramentas Projeto Terapêutico Singular, Projeto de Saúde no Território e Pactuação de Apoio. Não houve associação entre a utilização das ferramentas e a especialização em Saúde da Família. CONCLUSÃO: O modelo assistencial e reabilitador tem sido o condutor das ações dos fisioterapeutas, e as ferramentas do NASF são pouco utilizadas. Estes resultados podem ser explicados pelo limitado conhecimento sobre as atribuições do NASF, resultante da pouca oferta de ações formativas para a atuação no NASF e da formação tradicional reabilitadora.