FISIOTERAPIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE: PRODUÇÃO ACADÊMICA COM SENTIDOS E SIGNIFICADOS

Autores

  • Luiz Fernando Alvarenga Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

A edição 2019/2 (v.6 n.12) dos Cadernos de Educação, Saúde e Fisioterapia está sendo publicada em um momento de muitas preocupações relacionadas aos rumos que setores importantes da organização social e política estão tomando em nosso país. Falar de educação, saúde e Fisioterapia nos tempos atuais é falar de lutas, de (re)invenções, de sentimentos, de sentidos, de perdas, de conquistas e de superações.Nesta direção, o conjunto de 13 artigos que compõem essa edição reforça, amplia e potencializa as diferentes formas de cuidar e educar, mostrando a produção de um conhecimento pautado em compromisso com o cuidado em saúde, com a formação e com a inserção social da profissão, marcando que saúde, educação e cidadania andam juntas.Desse conjunto, destaco três artigos que tratam da violência obstétrica contra mulheres, da política de atenção à saúde da pessoa idosa e de pessoas com deficiência visual. Esses estudos juntos, marcam a importância do posicionamento crítico e reflexivo da formação e do exercício profissional do/a fisioterapeuta. Articulados com essas produções, dois artigos tratam sobre a formação em Fisioterapia pautada nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), mostrando a importância da inserção do fisioterapeuta na Atenção Primária em Saúde desde o período acadêmico e da integração entre ensino e serviço como base para este processo formativo.Encontramos, também, interessantes estudos que abordam tratamentos relacionados à dor patelofemural em mulheres e à incontinência urinária, os quais mostram a relevância da prática fisioterapêutica baseada em evidências científicas e da necessidade de olhares mais específicos para a saúde das mulheres. Nesta mesma direção, outros dois estudos centrados na doença de Parkinson e no acidente vascular cerebral (AVC) reforçam a Fisioterapia Neurofuncional como uma das áreas da profissão que mais cresce e ocupa importante espaço no campo da saúde. Em especial, o estudo sobre AVC mostra a necessidade dos cuidados precoces na abordagem destes pacientes. Nesta mesma área, mostrando a complexidade e a influência dos aspectos sociais e relacionais no acompanhamento fisioterapêutico, temos um estudo que aborda o papel da família na estimulação motora de crianças e de como é preciso valorizar e potencializar este aspecto na intervenção em neuropediatria.De forma significativa, um conjunto de três estudos traz para discussão a docência e as metodologias de ensino na saúde. Nestes artigos são abordados temas importantes como o trabalho, a sobrecarga, as dores e os prazeres que envolvem o ser professor de forma crítica e problematizadora. Também, ocupam espaço importante a construção de modelos didáticos e a utilização do teatro como metodologia de educação em e na saúde. Estes trabalhos mostram movimentos de pensar e (re)construir a docência e as estratégias de formação. Demonstram e provocam inquietudes e vontades de melhorar, ampliar, crescer e qualificar os espaços de atuação e formação. Mas também, mostram precariedades, sucateamentos, limites e desafios que marcam a área da saúde nesses tempos. As discussões apresentadas possibilitam pensar que as lutas pela valorização profissional, pela formação qualificada, pela garantia e respeito aos princípios do SUS na assistência e na formação continuarão por muito tempo sendo bandeiras para docentes e fisioterapeutas.Os trabalhos apresentados possibilitam, juntos, reforçar que a Fisioterapia tem um potencial muito grande para crescer enquanto núcleo profissional dentro de uma educação e de uma prática interprofissional na saúde. Juntos com as demais profissões produzimos um cuidado qualificado na atenção primária, especializada e hospitalar. A partir desse entendimento, a ABENFISIO vem mostrando através dos espaços de discussão e divulgação que vem construindo, que juntos podemos muito e podemos mais. A criação e manutenção dos Cadernos de Educação, Saúde e Fisioterapia é um exemplo desta potencialidade. A cada edição podemos compartilhar experiências e conhecimentos de colegas de todo o Brasil que estão mostrando a riqueza e a força da profissão e da docência em Fisioterapia.Finalizo este editorial parabenizando professores, estudantes e fisioterapeutas que estão (re)inventando suas vidas e seus fazeres em tempos às vezes sombrios e incertos para a saúde e para a educação, mas que acima de tudo, seguem construindo espaços de lutas e de resistência, que com ética e competência técnica mostram as pluralidades, potencialidades e marcas da Fisioterapia. E, em especial, cumprimento aqueles que estudam, pesquisam e produzem conhecimentos que sustentam e impulsionam a atuação profissional em saúde. Uma produção de conhecimento crítica, produtiva e potente como a que está presente nos textos que estão aqui apresentados.

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Publicado

18-06-2020