A EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL NO PET-SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA

Autores

  • Ana Maria Chagas Sette Camara UFMG
  • Diana Lucia Moura Pinho UFMG

Resumo

INTRODUÇÃO: Existem poucos trabalhos sobre Educação Interprofissional (EIP) no Brasil e as experiências de EIP presentes no PETSAÚDE requerem ser avaliadas com instrumentos validados que permitam estudos comparativos entre o cenário nacional e internacional. OBJETIVOS: Identificar a atitude dos docentes em relação a EIP e as estratégias pedagógicas para o desenvolvimento da prática colaborativa possíveis de serem utilizadas no ensino da graduação em saúde, a partir da experiência do PETSAÚDE foi o que originou este estudo. METODOLOGIA: Foi conduzido em três fases no método misto sequencial. A primeira fase foi uma exploração qualitativa da percepção dos docentes, tutores do PETSAÚDE da UFMG sobre a educação interprofissional, por meio de entrevista, com questões abertas. Dos resultados da primeira fase emergiram questões que nos conduziram à segunda fase do estudo, de natureza quantitativa, com a aplicação de um questionário para avaliar da disponibilidade dos estudantes à EIP, com um recorte transversal. Na terceira e ultima fase os dados obtidos pelos dois métodos foram integrados na interpretação do estudo. RESULTADOS: A maioria dos docentes foi favorável ao processo de ensino-aprendizagem em grupos interprofissionais no serviço na atenção básica, mesmo considerando a experiência desafiadora, trabalhosa e extremamente difícil. O PETSAÚDE estimulou a reconfiguração de saberes relacionados com o ensinar e o aprender; a reorganização da relação teoria/prática, rompendo com a clássica proposição de que a teoria precede a prática; a necessidade da aprendizagem constante e da reflexão sobre a realidade, com cidadania e solidariedade social; além de se constituir em espaço de pesquisa, e de construção de conhecimento interdisciplinar, se caracterizando em uma experiência de aprendizagem transformadora. CONCLUSÃO: O PETSAÚDE se configura potente para o desenvolvimento de competências colaborativas nos estudantes da área da saúde: trabalho em equipe, identidade profissional e atenção centrada no paciente; se configurando como uma prática educacional inovadora e capaz de sensibilizar os docentes e estudantes da saúde para a redução dos preconceitos que possam existir entre os profissionais e promover o desenvolvimento de competências colaborativas nos estudantes da área da saúde, objetivos centrais da EIP. Este estudo se torna mais oportuno e valioso no que diz respeito aos conhecimentos que ele proporciona sobre as experiências em EIP no momento em que a educação dos profissionais de saúde enfrenta o desafio de formar sujeitos implicados com as complexas e dinâmicas necessidades sociais e de saúde e o contexto da produção do cuidado exige habilidades para o trabalho colaborativo no fortalecimento do Sistema Único de Saúde.