DISPOSITIVOS APLICADOS PARA A REFORMULAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO ACOLHIMENTO MULTIPROFISSIONAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Autores

  • Fábio Urbini Carnevalli SECRETARIA DE SAÚDE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Resumo

INTRODUÇÃO: O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH) do Ministério da Saúde que não tem lugar, hora ou profissional específico para fazer, pois trata-se de uma postura ética, que implica na escuta qualificada do usuário em suas queixas e o compromisso com a responsabilização pela resolução, com ativação de redes e compartilhamento de saberes (BRASIL, 2010). A experiência que vem sendo realizada na Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque São Bernardo, em São Bernardo do Campo, foi proposta a partir da visualização de alguns fatores que estavam implicando negativamente na integralidade e resolubilidade do cuidado, como falta de orientação do paciente ao adentrar na unidade, acolhimento realizado exclusivamente por profissional da enfermagem e somente para pacientes sintomáticos. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Foram realizadas oficinas de acolhimento com profissionais de todos os setores da unidade, entre eles recepcionistas, administrativos, agentes comunitários de saúde (ACS), e os diversos profissionais de nível superior. O propósito foi em analisar e debater situações problemas do cotidiano da unidade que eram influenciadas pela forma como estava sendo realizado o acolhimento até então, resultando na proposição de ações de melhorias apontadas pelos trabalhadores participantes e gestão local. Das diversas oficinas, alguns encaminhamentos foram incorporados, entre eles a participação dos ACS no primeiro receptivo abordando o paciente desde a porta da unidade para a orientação do “cardápio de ofertas” do serviço, a participação de profissionais de outra formação além da enfermagem no acolhimento, a criação de senhas em cores diferentes para facilitar o trânsito do usuário dentro da unidade e a criação do Grupo de Trabalho (GT) do acolhimento composto por representação profissional de cada setor em reuniões mensais para a avaliação das situações exitosas e desastrosas para a constante melhoria do serviço e do processo de trabalho. IMPACTOS: Com o ACS mais presente na UBS em alguns períodos da semana trouxe o benefício de melhor compreensão dos fluxos da unidade e consequente orientação na rua e dentro da unidade aos seus cadastrados. Na prática, o tempo de espera do usuário no serviço diminui em 18 minutos. A incorporação das demais categorias no acolhimento em escalas, está ampliando a qualificação da escuta, do acesso, da resolubilidade e do vínculo do usuário com o serviço. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O espaço protegido garantido para a reflexão deste processo de trabalho remete a lógica da educação permanente em saúde, uma vez que o debate, a qualificação e a instrumentalização ocorrem à medida que surgem os problemas. A previsão em médio prazo é que o tempo de agendamento para consultas e a circulação desnecessária do usuário na UBS diminua, já que algumas demandas que antes não eram ouvidas poderão ser solucionadas no próprio acolhimento, com orientação correta. Esta mudança ainda é relativamente recente, no entanto, vêm demonstrando ser potente devido ao compromisso firmado entre os trabalhadores e a gestão da unidade.