ESTUDO DE CASO SOBRE AS PRÁTICAS DE SAÚDE DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CURIAÚ, AMAPÁ, BRASIL
Keywords:
Antropologia Médica, Cultura, Conhecimentos, Atitudes e Prática em SaúdeAbstract
Introdução: O Quilombo Curiaú é sítio histórico e ecológico do estado do Amapá e agrega seis vilas: Extremas dos bairros do Ipê e Novo Horizonte, Mocambo, Canteiro Central, Curiaú de Fora e Curiaú de Dentro. Objetivo: Conhecer as Práticas de Saúde da Comunidade Quilombola do Curiaú. Materiais e Métodos: Estudo de caso, qualitativo, realizado por alunos de Fisioterapia/UNIFAP durante a disciplina Fundamentos Sócio-antropológicos da Saúde, os quais entrevistaram: E1, auxiliar de enfermagem da UBS/Curiaú; E2, parteira/benzedeira do quilombo; E3, artista quilombola. Utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo, incluindo pré-análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados. Resultados: E1: Muitos quilombolas preferem usar chás naturais ao invés do medicamento prescrito pelo médico; mesmo quando, após o uso das plantas medicinais, não apresentam melhora de suas sintomatologias. Geralmente, o tratamento medicamentoso é seguido para as crianças, pois “as mães têm medo de que algo dê errado com os filhos” caso elas não sigam as orientações médicas. E2: Os partos caseiros estão em desuso pelas mulheres da comunidade, pois preferem fazê-los na maternidade. Mas, a parteira ainda é procurada para “ajeitar a criança dentro da barriga da mãe” ou “quando não dá tempo da mulher chegar ao hospital para pari”. A prática do parto caseiro é considerada um “dom de Deus” e ensinada pelos “astros”. É acompanhada de rezas, benzimentos e defumações usando ervas como alfazema e alecrim, a fim de “afastar coisas ruins”. Mesmo após a capacitação e instrumentalização que as parteiras receberam por meio de cursos oferecidos pelo governo do estado, elas continuam com seus costumes e usam seus próprios materiais, entre eles os óleos de amêndoa doce e copaíba. Este último, usado para evitar o tétano no umbigo da criança. E3: Reforçou a importância da preservação da identidade quilombola e de suas práticas tradicionais, que inclui a “cura por meio das plantas” e o Batuque, não somente como religião, mas como uma “dança para os santos”. Entre as plantas medicinais, destacou o chá do barbatimão para tratar úlceras, doenças de pele, diabetes e gastrite; e chá de junco para baixa imunidade, febre, gripe e sarampo. Conclusão: Mesmo com a inserção da medicina moderna no Quilombo do Curiaú, ainda há uma forte tentativa, por parte da população, em manter suas práticas tradicionais de saúde, principalmente àquelas voltadas ao uso das plantas medicinais. Logo, aspectos culturais devem ser sempre considerados na assistência aos indivíduos.Issue
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Eixo VI: Saúde Pública
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