REDE VIVA: A REALIDADE DA REDE DE ATENÇÃO À REABILITAÇÃO DO BUTANTÃ, SÃO PAULO - SP

Authors

  • Flávia Rúpolo Berach UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP
  • Bárbara Castro Possidente UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP
  • Mariana Leme Gomes UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP
  • Ralf Braga Barroso UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP
  • Ana Carolina Basso Schmitt UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP

Abstract

Introdução: Reabilitação é um conjunto de ações voltadas ao aumento das habilidades dos usuários com diminuição dos danos, incapacidades e deficiências; incluindo pessoas com doenças crônicas e degenerativas (FARO, 2004; LUSSI, 2006). Anteriormente o cuidado das pessoas com incapacidades e deficiência estava concentrado, quase exclusivamente, nos serviços especializados em reabilitação. A proposta das Redes de Atenção à Saúde (RAS) descentraliza o cuidado, corresponsabilizando os serviços que a compõe: Atenção Primária à Saúde (APS), Especializada, Hospitalar e de Urgência e Emergência. Para tanto devem ser definidas as ações ofertadas por cada nível de atenção para que estes se articulem estabelecendo processos e fluxos de cuidado implicados com a realidade social (CAMPOS, 2015). Os arranjos organizativos de ações de cuidado que compõem uma sequência de etapas de utilização dos serviços que são determinadas pela organização dos mesmos, pelos profissionais e pelos usuários e suas necessidades de saúde (ROESE, 2008). Para Merhy et al. (2014) as Redes Vivas são dinâmicas e mutáveis de acordo com a singularidade destas necessidades. Objetivo: Compreender a gestão do cuidado da RAS; Identificar e analisar os fluxos internos e externos relacionados à reabilitação nos equipamentos de saúde. Metodologia: O estudo foi desenvolvido na região do Butantã (São Paulo - SP), com uma população estimada de 428.217 habitantes (SÃO PAULO, 2016b). O trabalho qualitativo buscou analisar as ações e fluxos relacionados à reabilitação dos equipamentos de saúde através de rodas de discussão com profissionais de três equipamentos da APS e três da atenção especializada; e da construção de fluxogramas analíticos dos encaminhamentos internos e externos aos equipamentos de saúde. Resultados: Participaram das rodas de discussão 52 profissionais de saúde de 14 categorias. Nos equipamentos de APS observou-se a oferta de atividades de cuidado individual e em grupo; a presença de espaços de matriciamento com a equipe multiprofissional; a possibilidade de encaminhamento para 15 serviços especializados para diagnóstico e terapêutica, sendo apenas três de reabilitação; e a existência de fluxos informais de encaminhamento entre equipamentos. Os equipamentos especializados em reabilitação foram identificados como de difícil acesso dado os restritos critérios de inclusão e baixa disponibilidade de vagas; enquanto que os equipamentos especializados de saúde mental foram identificados como fluxos potentes devido a não necessidade de agendamento prévio. Os profissionais identificaram reuniões de discussão de casos e a existência dos grupos terapêuticos como potentes para o cuidado.O acesso ao equipamento especializado se dá através do acolhimento multiprofissional com ou sem necessidade de agendamento prévio. Observam-se ações de cuidado individual e coletivo, articulação com profissionais de outros serviços especializados, a existência de espaços de matriciamento da equipe e com a APS. Ressalta-se a articulação intersetorial (educação, lazer e assistência social) estabelecida pelos equipamentos especializados. Conclusão: É fundamental a consolidação da rede de atenção à saúde, visando ampliar o acesso, a efetividade e a eficiência da articulação entre os níveis assistenciais. A presença de ações de cuidado em diferentes níveis de atenção aumenta o acesso dos usuários, entretanto a dificuldade de acesso ao nível especializado desloca as ações de cuidado quase que exclusivamente para a APS.