SAÚDE E ESPIRITUALIDADE: HUMANIZAÇÃO E INTEGRALIDADE NO CUIDADO

Abstract

Introdução: As investigações sobre a relação entre espiritualidade e saúde procuram compreender como crenças e comportamentos religiosos se relacionam ou interferem na saúde. Esta temática possui relevância num país como o Brasil, no qual 98 a 99% da população acredita em Deus. A atividade religiosa constitui-se em elemento eficaz, tanto para auxiliar na manutenção do estresse em nível saudável como para favorecer a qualidade de vida, visto que níveis mais elevados de envolvimento com a religião estão associados positivamente com indicadores de bem-estar psicológico. O exercício da fé e a prática da religiosidade são estratégias, muitas vezes utilizadas, pelas mães de bebês hospitalizados, como forma de lidar com um longo período de internação e sentimentos de culpa, raiva, ansiedade, medo, tristeza, impotência, entre outros. Nesta perspectiva, buscam-se novas maneiras de pensar a prática do cuidar voltadas para a humanização e a subjetividade na atenção à saúde no ambiente hospitalar, numa visão mais integrada do ser humano. Objetivo: Promover encontros grupais, conduzidos por uma equipe multiprofissional, visando oferecer suporte emocional e espiritual para mães, acompanhantes e familiares de bebês prematuros e de baixo peso. Metodologia: Foram realizadas rodas de conversas semanais, com dinâmicas, musicalidade, leitura de textos bíblicos e oração. Realizadas na Maternidade Escola Januário Cicco - UFRN , Natal/RN, no período de Janeiro à Junho de 2018. Resultados: Foram realizadas 23 rodas de conversa, abordando temas como: paz, amor, união, amizade, confiança, alegria, gratidão, medo, esperança, perdão e perseverança. As rodas contaram com a participação de médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, equipe de enfermagem e funcionários da higienização. Participaram, em média, cinco profissionais e dezoito mães. pais e/ou acompanhantes por roda. Conclusão: Considerando que os aspectos espirituais abarcam as necessidades humanas universais, norteando as escolhas do indivíduo, dando sentido e significado transcendente à vida, percebeu-se com este estudo que, as rodas de conversa promoveram o fortalecimento da fé dos participantes, melhorou os relacionamentos interpessoais entre as mães e destas com a equipe, bem como facilitou a resolução de conflitos e promoveu a capacidade de empatia e ajuda mútua, tendo em vista que a espiritualidade é um fator de bem-estar, conforto e esperança, que precisa ser incluída no processo de humanização dos cuidados em saúde. Apesar de ser um desafio inserir a dimensão espiritual na assistência na saúde, entende-se como imprescindível abordar, valorizar, respeitar e acolher a fé das famílias atendidas, de forma a integrar a espiritualidade no processo de cuidado.