EDITORIAL

Autores

  • Vera Maria da Rocha Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Mara Lilian Soares Nasrala Universidade de Cuiabá
  • Mara Lisiane de Moraes dos Santos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Francisca Rêgo Oliveira de Araújo Centro Universitário do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.18310/2358-8306.v1n1p01

Resumo

O tema da formação profissional superior no Brasil tem sido discutido, de forma geral, nos espaços dedicados à educação. Na área da saúde, ao tratarmos do assunto, muitas vezes os espaços abertos para o debate encontram-se nos campos da Saúde Coletiva e da Ciências Humanas. A formação do fisioterapeuta, particularmente, tem sido discutida nos Fóruns e encontros promovidos pela Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia – ABENFISIO que tem procurado proporcionar debates e incentivado a produção do conhecimento na área.As mudanças ocorridas na formação do fisioterapeuta, desde 2002, ano em que foram homologadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Fisioterapia, trouxeram para o cenário da educação superior o desafio de uma formação por competência; a centralidade no estudante como sujeito participativo; a utilização de  metodologias ativas para favorecer o processo de aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a fazer, aprender a ser.  Tal desafio tem demandado a qualificação pedagógica e metodológica do docente para novas práticas de ensino, trazendo para o universo docente universitário, particularmente para os docentes da área da saúde, o debate, o aprendizado, a vivência da Educação Permanente.Sabemos do distanciamento entre o que está proposto nas diretrizes curriculares e o que ocorre no interior das universidades e escolas. Na verdade dificuldades pedagógicas não têm espaço para debate no interior do núcleo específico da profissão. Onde aprender a ensinar? Será que o conhecimento técnico científico é ou foi suficiente para a prática docente atual? Como saber se as atividades de ensino estão centradas no professor ou no estudante, prerrogativa das metodologias ativas?De forma geral, a formação na saúde, mesmo o stricto sensu, não qualifica para a prática docente. Estudantes de pós graduação, em prática de docência universitária supervisionada, reproduzem experiências vividas em suas graduações ou cursos complementares. O plano de aula é, para alguns, experiência de concurso. Onde encontrar um espaço para o debate e reflexões sobre esse complexo cenário. Onde aprender a aprender? Essas temáticas, juntamente com a Educação Permanente e a busca uma formação generalista e interprofissional é complexa e requer permanente reflexão e debate.No sentido de pensar a formação dos fisioterapeutas com foco na saúde funcional dos indivíduos e coletividades, as questões capitais que acompanham desde sempre a ABENFISIO têm sido: Que profissional queremos? Que fisioterapeuta a sociedade brasileira precisa? As repostas a estas questões emergem das discussões realizadas em fóruns, encontros, oficinas e diálogos entre docentes, estudantes, profissionais, gestores e usuários de ao longo dos 13 anos da ABENFISIO, e nos remetem à necessidade de formação que proporcione o desenvolvimento de habilidades e competências para a atenção à saúde, educação, gestão e participação social. Não se pode pensar a formação de forma isolada e estanque, deslocada da realidade dos espaços onde se produz saúde e dos processos de trabalho dos fisioterapeutas e profissionais da saúde. E esse não é um desafio exclusivo da fisioterapia, mas de todas as profissões da área da saúde.No cotidiano dos espaços de formação, gestão, atenção à saúde e participação social observam-se inúmeras inciativas que fortalecem o sistema de saúde e as políticas públicas de saúde, e consequentemente, proporcionam benefícios à saúde da população. Paralelamente, há produção científica consistente, com produção de conhecimento com relevante valor de uso para os profissionais da saúde e usuários, e que muitas vezes permanecem apenas no mundo acadêmico, e não são incorporados no cotidiano dos espaços onde se produz saúde.Deste modo, surgiu a necessidade de um veículo para divulgação de tais produções, a fim de proporcionar a interlocução entre os diversos saberes, alinhado às demandas da sociedade. O objetivo é a consolidação e difusão dos conhecimentos produzidos em uma perspectiva mais abrangente e próxima da realidade da saúde e da educação. Assim, a ausência de espaços legítimos e qualificados na área para esse fim foram incentivadores para que uma publicação própria fosse lançada.É com um sentimento de superação, orgulho e responsabilidade que disponibilizamos os Cadernos de Educação, Saúde e Fisioterapia, uma publicação da Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia (ABENFISIO) que marca de forma significativa o cenário da formação dos profissionais da saúde, particularmente aqueles que buscam um espaço legítimo para debater questões relativas à formação superior no Brasil. Marcamos o ano de 2014 na história da Fisioterapia com o lançamento da primeira revista brasileira que oferece aos profissionais, docentes, estudantes e interessados nos temas de Educação, Saúde e Fisioterapia um espaço para trocas de experiências, pesquisas, estudos, relatos, publicações, enfim, construções de nossa história.A parceria com a Editora da Rede Unida, num esforço de toda equipe editorial e dos companheiros que compõe nosso Corpo Editorial, dos avaliadores, dos autores que  atenderam ao chamado para a publicação em nosso novo veículo de comunicação, a oferta dos espaços de artigos científicos, relatos de experiências, ensaios, teses e dissertações, espaço aberto, o sistema de gerenciamento online, entre tantos outros debates suscitados, trouxe para todos a compreensão de que Cadernos de Educação, Saúde e Fisioterapia veio abrir espaço para outras formas de comunicação, com maior liberdade na forma e diálogo com temas sobre educação, história,  formação social e políticas em saúde e também para outras expressões, como para  as artes de um modo geral.Nesta edição somos convidados ao debate com temas relativos às politicas públicas de saúde, interdisciplinaridade do cuidado bem como a formação e as metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Também contamos com relatos de experiência sobre inserção do profissional de saúde em modelos interdisciplinares, cuidado nas práticas corporais, educação interprofissional e práticas colaborativas.Contamos ainda com pesquisas científicas discutindo sobre avaliação formativa na atenção básica e saúde da família, a percepção dos usuários sobre as ações profissionais desenvolvidas em ambiente domiciliar e  a visão das crianças sobre saúde e tabagismo.Aproveitamos esta edição especial de lançamento para anunciar nosso Suplemento 1  com os  Anais do XXIV Fórum Nacional de Ensino em Fisioterapia, IV Congresso Nacional de Fisioterapia na Saúde Coletiva e I Congresso Brasileiro de Educação em Fisioterapia e, de convidar todos os nossos associados, colaboradores e colegas  a participarem de nossas próximas edições, visitando nossa homepage: www.abenfisio.com.br e observando os prazos e sistema de encaminhamento para publicação.Saúde!  Vera Maria da RochaMara Lilian Soares NasralaMara Lisiane de Moraes dos SantosFrancisca Rêgo Oliveira de Araújo

Publicado

18-09-2014