FUNCIONALIDADE, QUALIDADE DE VIDA E SINTOMAS DE DEPRESSÃO EM MULHERES QUE REALIZARAM TRATAMENTO PARA O CÂNCER DE MAMA

Autores

  • Karla Poersch UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
  • Paula Terres de Oliveira Haubert UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
  • Ana Paula Barcellos Karolczak UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
  • Patrícia Martins UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

Resumo

Introdução: O câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente entre mulheres e de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) é o segundo maior causador de óbitos no mundo. O tratamento pode ser dividido em tratamento local e em tratamento sistêmico, acarretando consequências traumáticas, físicas e psicológicas para a mulher, que impactam negativamente na qualidade de vida e na funcionalidade. Objetivo: Avaliar a funcionalidade, a qualidade de vida e sintomas característicos de depressão em mulheres com câncer de mama que realizaram tratamento cirúrgico, quimioterápico e/ou radioterápico. Metodologia: Estudo de caráter quantitativo, analítico do tipo transversal realizado com 85 mulheres participantes de um grupo fechado no Facebook chamado Câncer de Mama um Desafio", com idade igual ou superior a 35 anos. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário inicial e três instrumentos que compreendem questões relacionadas à funcionalidade (Escala Lawton e Brody), qualidade de vida (EORTC-QLQ-BR 23) e sintomas característicos de depressão (PHQ-9). Os dados foram coletados através do Google Forms, ferramenta totalmente gratuita, e analisados no programa SPSS, versão 25.0. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Resultado: A média de idade das participantes foi de 47,6±7,6 anos, 28,2% trabalhavam em atividades administrativas, 64,7% eram casadas, 50,6% possuíam ensino superior, 61,2% não realizavam nenhum exercício físico, 52,9% realizaram quimioterapia e radioterapia, 57,6% mastectomia, 65,9% não realizaram fisioterapia e 78,8% não realizaram acompanhamento de saúde mental. A pontuação média para a escala de sintomas e funcionalidade do questionário EORTC foi de 45,7±24,5 e de 34,6±19, 87,1% foram classificadas como independentes e 30,6% com depressão leve seguido de 21,2% com depressão moderada. No questionário EORTC na escala de sintomas, o grupo de mulheres submetidas ao procedimento de mastectomia apresentou escore significativamente maior do que o grupo de mulheres que realizaram a cirurgia conservadora, indicando pior qualidade de vida (p<0,0001). Houve associação significativa entre funcionalidade (escala Lawton e Brody) e o tratamento cirúrgico (p=0,042), a proporção de mulheres classificadas como independentes foi significativamente maior no grupo da cirurgia conservadora (100%). Não houveram diferenças significativas entre os grupos de acordo com a terapia adjuvante utilizada. Foi evidenciado comprometimento da qualidade de vida e sintomas de depressão, apesar de grande parte das mulheres apresentarem independência em relação à funcionalidade. Na comparação entre a qualidade de vida, funcionalidade e sintomas de depressão, de acordo com a necessidade de tratamento cirúrgico e terapia adjuvante, foi possível verificar que a mastectomia esteve associada a maior comprometimento da qualidade de vida e funcionalidade. Conclusão: Independente do tratamento empregado, o câncer de mama impacta negativamente na vida da mulher, o que requer o acompanhamento de uma equipe interprofissional para recuperação e manutenção dos aspectos físicos, sociais e psicológicos.

Publicado

26-09-2019