PEDAGOGIA CONTRA-HEGEMÔNICA NA FISIOTERAPIA

Autores

  • Mauro Antônio Félix ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO EM FISIOTERAPIA
  • Guilherme Barbosa Shimocomaqui ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO EM FISIOTERAPIA

Resumo

Introdução: Ao revisitarmos o artigo de José Patrício Bispo Jr (2010), percebemos a vanguarda do pensamento do autor. Porém, será que quase uma década depois a Fisioterapia conseguiu romper com a hegemonia do modelo biomédico e reabilitador? Uma educação contra-hegemônica visa a transformação social e, no caso da profissão Fisioterapia, a possibilidade do engajamento intencional e sistemático para uma educação como ação cultural crítico-dialógica. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo refletir, a partir da obra de Bispo Jr (2010), os desafios pedagógicos contra-hegemônicos que a Fisioterapia possui. Metodologia: Trata-se de um estudo com base na Hermenêutica Crítica que segue a tradição do entendimento, através da teoria social, de como se enxerga o mundo, qual seu significado. O uso da hermenêutica como método não se trata de seu uso como procedimento, mas como estratégia, pois envolve a integração entre o sujeito e objeto através de uma relação de circularidade. Este relacionamento possui alguns princípios: o primeiro define-se pela história das ideias, através do imbricamento entre conceitos e a práticas, por exemplo; um segundo é a questão epistemológica, compreendida como o contexto da descoberta e o contexto da justificação; por fim, a terceira forma entendida como a especulação na qual produz novos achados, conhecimentos, objetos, significados. Resultado: O pensamento de Bispo Jr apresenta-se como propositor da ampliação do olhar do fisioterapeuta da Reabilitação para a Saúde Coletiva. Porém o autor poderia ter marcado as bases que transformarão a Fisioterapia num modelo contra-hegemônico seja em termos pedagógicos ou nos aspectos de reconhecer as necessidades populacionais, por meio do olhar sobre a integralidade da pessoa e coletividades (ser humano biopsicossocial e espiritual), alicerçada em seus contextos de vida (determinantes sociais de saúde). Para tal, reconhecer o saber-fazer fisioterapêutico nos três níveis de Atenção à Saúde, considerando a perspectiva das Redes de Atenção à Saúde principalmente quando utilizam o Modelo de Atenção as Condições Crônicas (MACC) rompem com a hegemonia pouco resolutiva em relação as necessidades populacionais do nível terciário. Assim, amplia-se as possibilidades de atuação do fisioterapeuta a partir do olhar da Funcionalidade Humana para a Gestão em Saúde, na Vigilância em Saúde, como fisioterapeuta Sanitarista, bem como na atuação na Atenção Primária à Saúde (ESF e NASF). Portanto, uma pedagogia contra-hegemônica na Fisioterapia deve contemplar estes elementos desenvolvendo competências numa relação de Ensino-Serviço-Comunidade. Então romperemos com a hegemonia biomédica e hospitalocêntrica que não é uma condição imutável, mas requer estratégias para a desfazer sua conquista e evitar sua manutenção. As Diretrizes Curriculares Nacionais para cursos de graduação em Fisioterapia de 2002 necessitam atualização, pois não permitem a ruptura com visão hegemônica. Além disso, outro elemento também importante para superar os desafios pedagógicos é o Sistema COFFITO/CREFITOs tem um papel essencial de fiscalizar e reivindicar, junto aos órgãos públicos, a garantia de acesso da população ao profissional fisioterapeuta garantindo a efetivação das políticas públicas e o trabalho interprofissional. Conclusão: Saúde Coletiva, como descreve Bispo Jr, deve ser a base da formação e pensamento do fisioterapeuta, pois contempla o Modelo Integral e Integrador em saúde, bem como responde as necessidades populacionais. Amplia-se, então a resposta que o fisioterapeuta dará frente aos desafios contemporâneos em saúde.

Publicado

26-09-2019